O Projeto Espindola Team foi idealizado por Raphael Espindola. Há quatro anos ele busca trabalhar artes marciais de forma positiva, contribuindo para levar valores de conduta aos menores do Complexo do Alemão. Os alunos têm a idade entre 4 e 17 anos. As crianças acima de 15 anos ajudam financeiramente como podem, as crianças menores de 15 anos não pagam. O projeto acontece no Condomínio das Palmeiras, mas os responsáveis buscam realizar, dentro possível, aulas externas em outros lugares, como por exemplo na Quinta da Boa Vista.
“Quando eu tinha 13 anos, aproximadamente, fui atingido por uma bala perdida no dia do aniversário do meu pai, dentro da favela do Complexo do Alemão. Por esse motivo, passei a ter Síndrome do Pânico. Uma professora da escola em que eu estudava me levou a um psicólogo, que indicou a praticar algum esporte para me distrair, com a finalidade de extravasar questões psicológicas que me incomodavam. Foi quando entrei para um projeto de Kickboxing, esporte de que eu realmente gostava. Com o passar do tempo passei ao nível de faixa preta, montei uma equipe e realizo o trabalho que sempre quis. Dou aulas no CIEP da Nova Brasília e no Conjunto Habitacional das Palmeiras. Apesar de toda a dificuldade que passamos, por não ter um local fixo, estruturas adequadas, falta de equipamentos, falta de segurança pelas aulas serem à noite, não termos apoio algum, de nenhum órgão ou instituição, as crianças adoram a prática de artes marciais no grupo, pois não possuem acesso a uma academia ou a um instrutor que lhes ensine fora do Espindola Team”, desabafa o idealizador.
Em maio de 2014, Raphael participou de uma competição em Buenos Aires, o ‘Campeonato Uiama World Championship – Mundial De Artes Marciais’. “Com a ajuda dos alunos, fazendo rifas até doações em dinheiro, e de algumas pessoas solidárias da comunidade, consegui lutar”,afirma.
Quando não está se dedicando ao projeto, o professor dá aulas emoutroslocais.Trabalhacomo personaltrainer emumaacademia em Copacabana. Apesar de não ganhar muito, tenta investir nos alunos, para que sempre participem de eventos, exame de faixa e para gastos com a compra de materiais. Alguns comerciantes da área também ajudam quando podem e a grande maioria é do Complexo do Alemão. No ano passado visitaram a FortFit, academia do Vitor Belfort, localizada na Barra da Tijuca, que trabalha com projetos sociais, como por exemplo, o Escola da Paz. Vitor conversou com todos e passou um pouco de seus ensinamentos.
“Incentivar nossas crianças e jovens, para que se tornem nossos seguidores, que possam construir seus próprios sonhos e que busquem sempre o bem com o nosso exemplo”, diz Raphael.
No ano passado, com a ajuda da ONG “Sou do Esporte”, que pagou as inscrições para participarem do Intermunicipal de Kickboxing, em São Gonçalo, alguns dos atletas conseguiram a classificação para a Copa Brasil.
Um dos destaques do projeto é a estudande Adrielle Henpdy, 18 Anos, que conheceu o trabalho a partir de um amigo que participava. Ela entrou e logo se apaixonou: “mudou a minha vida, hoje vejo um mundo bem diferente; o projeto me ajudou a sair da rua e não ficar pensando besteira. Penso em ser piscóloga, mas nunca deixarei a luta”. A jovem foi campeã brasileira, estadual e municipal da categoria sub-17. A atleta pensa em dar continuidade ao projeto: “por mim este projeto nunca morrerá, é uma coisa de coração, a minha retribuição de tudo que o projeto fez na minha vida é com vitória”, finaliza a jovem.
Projetos como este não têm muito financiamento dentro das favelas, o trabalho do Raphael é uma uma(retirar repetição) tentativa da quebra de paradigmas, pois não é só de futebol que vive o Brasil. O lutador usa o projeto como fomento cultural de artes ainda elitizadas, sem a ajuda de ninguém, tenta e consegue de forma brilhante levar a arte para um Alemão cada vez mais violento.
Escrito por: Maycom Brum
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