Fotos: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
O Projeto Cultural Arte Transformadora traz sua missão no nome. São mais de 12 atividades culturais e esportivas com um único intuito: mudar vidas. A instituição fica no Complexo da Penha e atende todas as localidades da comunidade. Capoeira, futsal, balé, teatro, dança, violão e cinema são algumas das ações promovidas e oferecidas. O projeto, que existe há seis anos, sobrevive de doações e conta com a colaboração de voluntários. Ao todo, cerca de 300 crianças frequentam as aulas e demais serviços do Arte Transformadora. Segundo seus criadores, esse é o maior projeto social que engloba cultura e esporte dentro do Complexo da Penha.
Antônio Vagner, que é diretor financeiro da ONG, conta como tudo começou. “Foi de uma forma muito orgânica. Eu e o Albert (diretor do projeto) tínhamos um grupo de teatro que chamava a atenção das crianças no entorno de onde a gente ensaiava. A partir desse interesse delas, resolvemos criar o projeto”. Em seguida, fala sobre momentos marcantes. “Uma vez, pedimos para as crianças fazerem um desenho e um menino desenhou uma arma, um fuzil. Eu perguntei o motivo e ele tirou uma arma de brinquedo do bolso. Perguntei se ele não trocaria aquele por outro brinquedo. Eu tenho essa arma até hoje. Foi muito simbólico aquele momento”.
Já o diretor cultural do projeto, Gustavo Alves, fala sobre a revolução. “Estou há dois anos aqui e esse é o trabalho no qual acredito. Poder falar sobre racismo, assédio, machismo, violência e transformar essa realidade. Revolucionar através da arte é isso que fazemos. Já conseguimos nos apresentar com nosso grupo de teatro na Arena Dicró e agora vamos para a Arena Chacrinha. Além disso, ajudamos as famílias na parte social também. Durante a pandemia, foram mais de 5 mil cestas básicas distribuídas”.
Afeto como ferramenta de transformação
Rene Júnior da Silva, que é diretor de esportes, conta que o intuito do projeto é formar cidadãos. “Muitos jovens que estiveram aqui com a gente viram que eles podiam mais. Voltaram a estudar. Temos atletas profissionais e universitários quase formados que passaram por aqui. Mas nossa missão é maior que isso. Queremos formar cidadãos. E vamos além. Levamos os jovens para pontos turísticos da cidade, para passeios. Atividades que mostrem que eles pertencem à cidade também”.
Isabel Marins é mãe da pequena Giovanna, de cinco anos, e fala do papel do Arte Transformadora na vida da filha. “Ela está há dois anos no projeto e se desenvolveu bastante, principalmente na questão da sociabilidade. Por ser filha única, conviver com outras crianças é muito importante. Além disso, o apoio em poder deixar ela em um lugar como esse é fundamental. Na hora em que ela está aqui consigo adiantar outros afazeres. E a Giovanna gosta muito de vir”. Fato com o qual a menina concorda sorrindo.“Faço balé e reforço e amo os dois”, diz ela.
Telmary Vieira é a professora de balé e revela que já chegou a dar aulas com crianças no colo. “Já busquei ou levei em casa, liguei para perguntar se estava tudo bem. É minha missão de vida. Essas crianças necessitam de muita coisa. Atenção, afeto e convivência”. E finaliza: “Eu acredito nessa transformação feita por meio do afeto”.