A cada puxada de braço em cima da canoa de remo, João Gustavo, de 15 anos, diminui a distância entre o sonho e a realidade. Morador da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, o jovem é atleta do Club de Regatas Vasco da Gama e disputou, no último domingo, a competição “Regata Remo do Futuro”, na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde recebeu a medalha de ouro na prova de 250m. Com recorde de um minuto, João é um dos destaques da categoria “Sub 17”.
“Quando estou no Remo, esqueço de todos os meus problemas. A única coisa que me importa é a prova, meu desempenho e o tempo que consigo finalizar tudo. Tenho o sonho de participar das Olimpíadas e pra isso treino todos os dias. Essa foi a minha primeira participação e tive a felicidade de sair com o ouro. Agora é aumentar o foco”, comenta João.
Paixão pelo time e pelo remo
Ao lado de Dona Clarice, sua mãe, João explica que sempre esteve conectado com o Vasco da Gama. Ainda na barriga de Clarice, frequentava todos os jogos no estádio do seu clube do coração. Após nascer, a identificação pela história e tradição do time se tornou uma parte sua e, desde então, sonha em defender a nível profissional as cores da equipe carioca na modalidade do remo. Para isso, o adolescente atravessa 10km para treinar todos os dias.
“Eu e a minha mãe somos vascaínos desde sempre. Acompanho a trajetória do clube no futebol, mas também em outras modalidades. Com isso, sempre tive o sonho de vestir esse uniforme e honrar a tradição. Graças a Deus, há 11 meses eu entrei e pretendo não sair mais”, destaca.
Entre o estudo e o esporte
Além da força nos braços e na vontade, que João tem de sobra, a dedicação por aprender acompanha ele desde cedo. Ainda na escola, o jovem ganhou menção honrosa nas Olimpíadas de Matemática. “Participar das Olimpíadas de Matemática foi uma experiência ótima. Sempre tive facilidade para os números”, define.
A aptidão nos números não é o único talento que João possui. Longe dos cálculos e das fórmulas matemáticas, o jovem participou do projeto Ação Social pela Música, onde aprendeu a tocar violão, bateria e outros instrumentos de percussão. Para Clarice, ele pode ser definido como um “milagre de Deus”.
“Em casa, eu chamo ele de milagre porque, antes dele, eu perdi dois filhos ainda na gestação. Então, quando engravidei do João, tive muito receio de perdê-lo também. Passei por tratamentos para poder engravidar e ter um filho saudável. E hoje ele é, e é tudo isso”, comemora.