Exibição do filme "Tem um quilombo no quintal de casa". Foto: reprodução
CRIAS DA BAIXADA LANÇAM DOCUMENTÁRIO SOBRE QUILOMBO! Quilombo de Bongaba, também chamado de Quilombo Quilombá, em Magé, na Baixada Fluminense, é tema do documentário “Tem um quilombo no quintal de casa“. Sua primeira exibição, realizada no último sábado (29) no Gomeia Galpão Criativo, em Duque de Caxias, atraiu um grande público, lotando o espaço a ponto de algumas pessoas assistirem em pé. A obra, viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, busca resgatar a história da região como uma “terra potente”, símbolo da resistência de povos quilombolas e indígenas, como destaca a diretora Rute Sant’Anna.
Após o lançamento do documentário, Rute emocionou o público: “Fazer arte e cinema na Baixada é incrível. Eu também quero agradecer ao convite das meninas, chegaram em um momento muito perfeito, eu já estava pronta. O filme curou, vai fazer parte da minha história e da vida, tô muito orgulhosa, e muito obrigada a todos vocês!”
Dirigido por Rute Sant’Anna, o documentário abre um diálogo sobre a relevância sociocultural, ancestral e afetiva do Quilombo de Bongaba, um dos três territórios quilombolas de Magé certificados pela Fundação Palmares.
Com uma equipe formada por quatro mulheres, crias da Baixada Fluminense, são elas: Rute Sant’Anna, 26 (roteiro e direção), Bárbara Martins, 27 (câmera, edição e assistência de roteiro e direção), Mirella Souza, 24 (produção executiva) e Larissa Carvalho, 29.
Da esquerda para a direita: Bárbara Martins (com a claquete em mãos), Larissa Carvalho, Mirella Souza e Rute Sant’Anna no último dia de gravação no Quilombo de Bongaba. Foto: Divulgação / Bárbara Martins
Uma inspiração para a produção são os relatos do livro “A terra dá, a terra quer” (2023), do líder quilombola piauiense Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo. Por isso, o fio-condutor da obra é justamente preservar, valorizar e dar visibilidade para o legado e a presença viva dos quilombos na Baixada Fluminense. As filmagens foram realizadas ao longo de 2024, com a colaboração de representantes da comunidade Refúgio Caioaba — onde moram os remanescentes quilombolas — e do terreiro Ilê Asè Ogun Alakoro: ambas compõem o território do Quilombo de Bongaba. De acordo com dados do Censo 2022, há 1,3 milhão de pessoas quilombolas no país.
“Este filme é um convite para os baixadenses se conectarem com seu legado ancestral. Falar de quilombo na Baixada é falar de pertencimento, de honrar nossa terra. Nosso compromisso é devolver o orgulho de pertencer ao território BXD”, conta Rute Sant’Anna, diretora do documentário.
A diretora Rute Sant’Anna. foto: reproduçãoA equipe do documentário reunida. Foto: reproduçãoA diretora Rute Sant’Anna durante entrevista com Pai Paulo de Ogum. Foto: Divulgação / Bárbara Martins