O Secretário Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, Guilherme Simões, visitou neste domingo (2) o Complexo do Alemão, cumprindo a agenda de preparação da Caravana das Periferias. O encontro aconteceu na quadra da Avenida Central, próximo a sede do Instituto Raízes em Movimento. A ocasião também foi marcada pela entrega do Plano de Ação Popular do CPX ao secretário.
Guilherme iniciou sua fala emocionado e lembrou de quando esteve no Complexo do Alemão como ativista do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), na Ocupação do Alemão. Ele também disse se sentir feliz com seu retorno como Secretário Nacional das Periferias. “A gente foi escurraçado pela Polícia Militar. Companheiros presos e feridos. E a gente volta sendo abraçado, não só pelo Alemão, mas por várias comunidades para pensar e construir juntos um processo participativo de políticas públicas para as periferias”.
O Secretário explicou que as principais atribuições da Secretária Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, recriada no governo Lula (PT) são relacionadas a urbanização e prevenção de riscos na favela, como enchentes e deslizamentos de terra. Entretanto, Guilherme afirmou que nem todas as demandas relacionadas ao assunto são da secretaria das periferias, mas que pode agir como interlocutor. Guilherme também considera importante que os grupos sociais atuem em conjunto e que os encontros são oportunidades de mobilizar a sociedade civil para agir de “baixo para cima”. A ideia do secretário é criar uma premiação para reconhecer iniciativas da favela que pensam políticas públicas nos territórios.
Alan Brum Pinheiro, Presidente do Instituto Raízes em Movimento, considerou importante a preocupação do secretário Guilherme Simões de que é necessário que as políticas públicas para as favelas tragam soluções. Alan destacou que o encontro reuniu representantes de outras favelas como Rocinha, Salgueiro, Rio das Pedras. “São pessoas que estão vindo com várias demandas da favela pra que ele possa colocar enquanto prioridades nas políticas públicas”
As Necessidades da favela e o direito à cidade
Uma unanimidade nas falas dos representantes dos grupos e coletivos foi o direito à cidade. A necessidade de não esquecer das favelas e a ausência de acessibilidade no Complexo do Alemão também foi comentada. A vereadora Mônica Cunha (PSOL) destacou as operações policiais na Rocinha e que a favela é parte da cidade.
Romero de Souza, de 73 anos, morador do Morro da Coroa, disse que nunca tinha visto uma visita de representante público vindo na favela como as recentes visitas do Ministro Flávio Dino, no Complexo da Maré, e do Secretário Guilherme Simões. “Imagina um Ministro da Justiça entrando numa favela para conversar com os moradores? Esse rapaz, um secretário da periferias do Ministério das Cidades vir numa favela falar com os moradores é novidade e de grande importância. Os moradores tem que aproveitar isso e não deixar escorregar entre os dedos”.
Camila Moradia, 38 anos, cria do CPX do Alemão, esteve acompanhando o Secretário Nacional de Políticas para Territórios Periféricos nas visitas durante os dois dias e disse que foi uma oportunidade de aprendizado. Sobre a importância do secretário das periferias estar nas favelas, ela achou de grande importancia. “Colocar o pé na favela, na periferia, e chamar a gente para participar da construção do que nós queremos, porque a gente mesmo sabe a solução para o que a gente quer e a gente está construindo”.