As mulheres são os focos das modas de 2022. Além de serem cerca de 8,55 milhões de homens, eles têm sido cada vez mais bem sucedidos em provas em importância de ocuparem o Congresso Nacional e os poderes executivos .
As iniciativas de política de incidência das mulheres são mais do que nunca e, corrida presidencial, elas são a maior organização dos candidatos. Afinal, são elas as mais impactadas desde o golpe de 2016, e também as que estão com as mais na ponta do dedo.
Mesmo sendo uma chave nessa que vai formar um novo Congresso Nacional, ainda é preciso chamá-las para se apropriar da própria força. Espera-se (e necessita-se) que sejam eleitos deputados, deputados e senadores menos conservadores e mais atentos às questões que dizem respeito às vidas das mulheres, da população negra e indígena, das comunidades tradicionais, das crianças e adolescentes e pessoas com deficiência.
Essa é a espera para que a guinada para fora dessa trilha de horror não tenha que creme ainda mais tempo nem vidas. O que acontece é que uma descrença na política institucional enquanto real vetor de mudança de fortalecimento, e muito, como as candidaturas de poder de influência podem manter intacta a sociobiodiversidade brasileira.
É preciso agir no sentido de demonstrar como podem sim ter mudanças positivas.
Em agosto de 2022, o Cfemea (Ctro Feminista de Estudos e Assessoria), em conjunto com a Rede de Desenvolvimento Humano (Rede de Desenvolvimento Humano) e outras17 organizações feministas que em todas as regiões do país, lançaram a campanha “Meu Voto Vale”. A ideia é acessar as mulheres em sua diversidade e contar como o voto cotidiano interfere diretamente em suas atividades e essenciais.
Como fazer feira, ter acesso a medicamentos, à moradia e ao próprio direito de ir e vir. Tendo como personagem a Esperança Garra da Silva e outras mulheres negras, gordas, trabalhadoras domésticas, trans e travestis, estudantes, professores e trabalhadores rurais, a iniciativa traz essas representações a partir das ilustrações que fazem parte da campanha.
Com a circulação nas redes sociais, Meu Voto Vale Muito conseguiu chamar a atenção até de mulheres que não precisam mais devotos, mas que vão fazer essa escolha tanto para dar o exemplo de responsabilidade para os netos e netas, como também para seguir celebrando o fim aquele período de pressão máxima que o país viveu nos anos de ditadura civil-militar. Esse é o caso de Gilda Cabral, 75, aposentada, que hoje vive na zona rural de Brasília.
Mudança de cenário essencial
Entre a corrida eleitoral de 2018 e 2022 existe um novo abismo: cristalização do teto de gastos em áreas como saúde e educação e uma pandemia muito mal gerida para um país que é o criador do SUS, um sistema de público que é referência internacional.
Em 208, as organizações progressistas da sociedade ainda não tinham uma dimensão total dos mecanismos de sociedade civil que os conservadores, fascistas e neoliberais se desenvolveram para reagir aos anos de avanços sociais que balançaram para as estruturas racistas e patriarcais da sociedade brasileira. Onde já se viu preto, pobre, indígena, favelado na universidade? Tendo essa possibilidade de entender e mexer no modo como a ciência é pensada no Brasil? Que audácia.
Mesmo sofrendo ataques, a comunidade acadêmica teve a oportunidade de receber e ser impactada por mais estudantes e pesquisa que conhece Brasis que passam longe de onde a classe média e rica vive. E essa diversidade de experiências é extremamente positiva para a produção científica.
Em 2018, as iniciativas de insuficiência política não eram tantas. O impacto de 2016, somado ao assassinato de Marielle Franco e às medidas adotadas pelo governo Temer, gerou abalos ainda muito recentes. assim, a resistência e, sobretudo, do movimento feminista, se sobressai.
Naquele ano houve um aumento da quantidade de mulheres do campo progressista no Congresso Nacional e também nas Assembleias Legislativas de algumas capitais do país. Em 2022, as ações dos grupos estão mais contínuas e certeiras para dizer o que querem e quem não querem. Os projetos de incentivo ao voto em mulheres e pessoas negras e indígenas também estão mais fortes.
A campanha Eu Voto em Negra, uma realização da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e do Nordeste com a Casa da Mulher do Nordeste, é um desses projetos. A iniciativa chega com a força às lutas não só para incentivar as mulheres negras em todo o Nordeste, como também para realizar diálogos com os partidos de cada um dos estados na tentativa de diminuir a violência política que acontece dentro e fora do ambiente partidário .
São muitos os exercícios e avanços para que o país retome o crescimento social, econômico e cultural de outros tempos. As são-chaves nessas mudanças porque e foram as mudanças essenciais que são as peças mais profundas e a história do Brasil.
Lá atrás, eles fizeram o trabalho de providenciar cartas de alforria aos escravizados. Também foram essenciais no período abolicionista ao fazer circular informações por toda a cidade. Hoje, elas seguem os movimentos de base na cidade, no campo e na floresta e, em breve, estarão dominando a institucional também. Afinal, as mulheres políticas são quem mais têm capacidade de fazer nesse país.
Eduardo Nunes
Jornalista, colaboradora do PerifaConnection, Favela em Pauta e Agência Retruco (PE), colaboradora do Afronte Coletivo e da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e uma das homenageadas do 1º Prêmio Neusa Maria de Jornalismo
PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo