O Mês da Visibilidade Lésbica surgiu a partir do 1° Seminário Nacional de Lésbicas, em 1996, promovido para destacar a existência da mulher lésbica, dando atenção às violências sofridas por pautas que o movimento reivindica. O dia, marcado como Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, é celebrado em 29 de agosto.
Já o Dia Nacional do Orgulho Lésbico, nasceu de movimentos lésbicos em São Paulo, entendendo melhor a história. De acordo, com o Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, o bar Ferro’s era um local de encontro do Grupo de Ação Lésbico Feminista (Galf). Nele eram organizadas movimentos e, principalmente, faziam-se a circulação do folhetim – “ChanaComChana”, onde eram veiculados debates, expressões artísticas e notificava as ações do grupo, como uma maneira de fazer conexão com novos integrantes. Em 1983, as ativistas da comunidade passaram a violentadas verbalmente e fisicamente pelos donos do bar, que buscavam proibir a venda do folhetim.
Foi articulado um protesto para o dia 19 de agosto, que contou com a presença de movimentos lésbicos, gays, feministas, parlamentares e a imprensa. No dia, apareceram mais de 100 pessoas, que foram até o bar e conseguiram furar o bloqueio. A venda do folhetim passou a ser permitida no bar. A data ficou marcada como Dia do Orgulho Lésbico e foi reconhecida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em 2008.
Instituto Brasileiro de Lésbica
O Instituto Brasileiro de Lésbicas teve origem em 2017, após a concretização de um projeto chamado “Favela Empodera”, que buscava discutir a saúde da população LGBT nas Clínicas da Família e Unidades de Saúde Municipais. Atualmente ele atende ao Complexo do Alemão, Madureira, Manguinhos, Jacarezinho, Rocinha, Providência e Baixada Fluminense, explorando um pouco também, a Zona Oeste do Rio de Janeiro. Pela ampla abrangência é possível ver a dimensão da importância de pautar a saúde LGBT, direcionado para mulheres lésbicas e bissexuais, com ênfase na questão racial também.
Foi durante a pandemia Covid-19 em 2020, o projeto ganhou vida e forma. No mesmo contexto, o Instituto Brasileiro de Lésbicas estava no enfrentamento, atendendo as famílias lésbicas com cestas básicas, cartões alimentação e produtos de limpeza. Tudo através de uma rede de solidariedade no Complexo do Alemão, por meio do articulação social. O Complexo do Alemão foi um dos territórios de favela mais prejudicados pela pandemia.
Em agosto de 2021, a partir destas e outras experiências, o Instituto Brasileiro de Lésbicas se estrutura, não só nas pesquisas e produção de dados, mas na concentração, na participação social e na garantia dos direitos das mulheres lésbicas. A instituição é constituída por lésbicas e mulheres bissexuais e em sua maioria, por mulheres negras, para articular políticas de saúde, desenvolvimento socioeconômico e o fortalecimento da identidade cultural. Há o evento “Viradão Sapatão” que teve sua primeira edição em 2019 e continua acontecendo no CPX, e têm como principal motivação mostrar à memória do Movimento de Lésbicas com manifestações político-culturais, são artistas lésbicas que se apresentam para outras mulheres que se relacionem com outras mulheres.
A produção de estudos junto à Fiocruz e outras instituições internacionais sobre o movimento lésbico dentro de territórios favelados, além disso, existe a integração com outros movimentos lésbicos e também, com a Secretária da Mulher para reivindicar direitos da mulher lésbica e da família lésbica.
Rosângela Castro: Conselheira de Honra do Instituto Brasileiro de Lésbicas
A Conselheira de Honra do Instituto Brasileiro de Lésbica, a Rosângela Castro, de 67 anos, negra, lésbica e do candomblé, ativista há 20 anos dentro dos movimentos lésbicos como ABL (Articulação Brasileira de Lésbica), e é Diretora Geral do Grupo de Mulheres Felipa de Sousa. Perguntada sobre a sexualidade, raça e gênero sobre como os movimentos lésbicos conseguem agregar e construir identidades.
“Eu sou lésbica desde sempre, a minha geração vem de um embranquecimento, aí eu começo a me entender preta nos anos 80. Dentro das questões LGBT, também tem frentes racistas, então a gente faz um movimento de LGBTs negros, tanto que nós temos: Rede Afro e Rede Candaces, porque as pessoas brancas tem muita dificuldade de entenderem que são racistas, elas praticam racismo com muita tranquilidade. Então, a gente sai desses espaços e cria novos e nossos espaços”, detalha Rosângela.
O Instituto Brasileiro de Lésbica se destaca por conseguir se conectar aos territórios favelados e além disso, promover reuniões com essa população LGBT e favelada, como resultado, a Conselheira da instituição, evidencia esse compromisso: “Um dos grandes ganhos do Instituto, uma grande honra ser conselheira é que ele consegue chegar em alguns lugares, muitas organizações não chegam. O Instituto traz à tona, através de sua pesquisa, suas intervenções [a realidade da periferias e favelas], então isso é muito importante para nós mulheres lésbicas”, mostra Rosângela sobre a importância da organização para os territórios favelados.