Policial civil é preso após efetuar disparos durante ato que pedia justiça por jovem morto no Santo Amaro

Pais do office-boy Herus Guimarães, de 24 anos, participavam da manifestação
Foto: Ian Miranda

A comunidade do Santo Amaro desceu o morro e parou o asfalto! O pedido: Justiça para Herus! O protesto pacífico, que reuniu movimentos e coletivos de mães, familiares de vítima do estado, aconteceu no domingo (8), após o enterro do jovem.

Mas, a manifestação, que desde o início ocorria normamente, foi interrompida quando um motorista avançou nas pessoas presentes e efetuou disparos para o alto. O motorista, que é policial, foi detido pela Polícia Militar na Rua Ministro Tavares de Lira e levado para a delegacia. O ato foi na Rua Pedro Américo, uma das principais vias de acesso à comunidade.

“Ele tá armado, tá armado!”, gritou uma das pessoas presentes.

Em nota, a Polícia Civil se pronunciou, informando: “A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) esclarece que o servidor estava de folga e foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi aberto para investigar a conduta do policial. A Polícia Civil reitera que não tolera qualquer tipo de desvio de comportamento, crimes ou abuso de autoridade por parte de seus servidores.”

O pai de Herus, Fernando Guimarães, pediu que o protesto seguisse em paz e reforçou: “Favelado não é bandido. Meu filho não era bandido. Meu filho era trabalhador, tinha um futuro pela frente”. 

Justiça por Herus. Foto: Rafael Costa/Voz das Comunidades

Pânico em festa junina

Herus Guimarães, de 24 anos, foi morto durante uma operação do BOPE no fim de semana. Ele trabalhava como office-boy e deixa um filho de 2 anos. O pai, Fernando Guimarães, afirmou que a família vai cuidar da criança como “uma semente” deixada por Herus. Além dele, outras pessoas ficaram feridas, sendo que uma ainda estava internada, segue em estado estável.

Após a morte de mais um inocente, o governador Cláudio Castro exonerou o comandante do BOPE e outros oficiais envolvidos, além de afastar 12 policiais que participaram da ação durante uma festa junina no Morro Santo Amaro.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. O governador garantiu que o Ministério Público terá acesso a todas as imagens da operação, registradas pelas câmeras corporais dos policiais, para apurar as responsabilidades. O Ministério Público informou que a operação foi comunicada ao Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) às 3h31 do sábado (7).

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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