Produção: Samantha Millan e Caio Viana
A família de Igor Melo, baleado por um policial na madrugada da última segunda-feira (19) no viaduto da Penha, se manifestou sobre o caso na manhã desta terça-feira (20), em frente ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. Em entrevista exclusiva ao Voz das Comunidades, Marina Moura, esposa da vítima, desabafou sobre a gravidade da situação.
“Ele saiu vivo, mas a gente sabe que a maioria não sai, 99% até não sai. Mas ele teve essa segunda oportunidade. Ele é inocente, a gente está aqui provando a inocência dele, temos todas as provas. Mas teve que pagar com o próprio sangue, infelizmente, como muitos também pagam.”
Sobre o estado de saúde de Igor, Marina informou que, apesar da gravidade do caso — ele perdeu um rim —, seu quadro é estável. “Ele passa bastante tempo dormindo, mas quando acorda, fica bastante agitado, dizendo que não tem culpa de nada. Isso foi a primeira coisa que me disse quando o vi logo após a cirurgia.”
A historiadora e prima de Igor, Pâmela Carvalho, também se manifestou e atualizou a situação:
- A família já identificou o casal que acusou Igor de ser o assaltante.
- Estão tentando contato com o Ministério da Justiça e o Ministério dos Direitos Humanos.
- O inspetor da 22ª Delegacia de Polícia irá ao hospital para falar com a imprensa sobre a custódia de Igor.
- A equipe da TV Globo tentou contato com o casal, mas eles não atendem as ligações.
Ministério da Igualdade Racial cobra respostas sobre o caso
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, tomou conhecimento da situação e entrou em contato com a família de Igor. Em suas redes sociais, comunicou que acionou a equipe do Ministério para acompanhar o caso de perto:
“Estou acompanhando o caso de Igor Melo, jovem negro baleado nas costas no RJ após ser ‘confundido’ com um criminoso por alguém que tentou fazer justiça com as próprias mãos. Igor está em custódia no hospital, com saúde frágil e sendo privado de ter acesso à sua família. Já solicitei à equipe do Ministério da Igualdade Racial que oficie o governo do estado do RJ e as autoridades de justiça sobre a situação de Igor. Queremos os nossos jovens negros vivos, em liberdade, não sendo alvos de injustiças e violências raciais.”
Botafogo presta apoio ao torcedor
O Botafogo, time do coração de Igor, também se manifestou sobre o caso. O jovem é um torcedor ativo e administra uma página dedicada ao clube.
“O Botafogo deseja força e uma pronta recuperação ao torcedor, estudante e trabalhador Igor Melo, que encontra-se hospitalizado após ser baleado enquanto deixava o trabalho e retornava para casa. O Clube cobra justiça e elucidação dos fatos! Igor participou de inúmeros atendimentos à imprensa realizados pelo Clube e sempre atuou com profissionalismo e respeito com atletas, funcionários e colegas de profissão. Estamos juntos em pensamentos positivos!”
Entenda o caso:
Igor voltava para casa em uma corrida de moto por aplicativo quando, na altura do viaduto da Penha, foi atingido por tiros por um carro que o perseguia. Baleado, a vítima conseguiu enviar sua localização pedindo ajuda. Igor foi resgatado e levado ao Hospital Getúlio Vargas. Após ser atendido no hospital, uma mulher entrou no estabelecimento o acusando de roubo. Segundo relatos, ela estava acompanhada de um homem que perseguiu e atirou contra Igor, tentando fazer “justiça” com as próprias mãos. O homem em questão seria um policial militar aposentado e marido da mulher que acusou Igor de roubo.
Segundo informações apuradas pelo Voz das Comunidades, a mulher e o atirador já respondem processos diferentes de jovens que eles acusam. O atirador é um Subtenente reformado da Polícia Militar Tem e já tem passagens pela Polícia por perseguição, injúria e destruição de bem. Já a mulher responde por processo relacionado à ofensa.