Pesquisar
Close this search box.

Fotógrafo registra o íntimo das favelas

Antoine Horenbeek veio de Bruxelas para registrar o cotidiano e a cultura periférica do Rio de Janeiro.

Texto: Thaís Cavalcante

Os interesses de Antoine Horenbeek em arte e arquitetura foram ponte para aumentar sua capacidade de contar histórias através de imagens. O cotidiano das pessoas marca suas fotografias, que trazem uma narrativa em vários ângulos e uma única perspectiva, aquela sem preconceito. Foram três meses de trabalho em cinco favelas de diferentes cantos da cidade. Antoine contou mais sobre o projeto “Favela Íntima” em uma entrevista exclusiva.

Voz das Comunidades – De onde surgiu a ideia de fotografar as favelas do Rio de Janeiro?

Antoine HorenbeekA maioria das pessoas conhece as favelas do lado de fora, mas muito poucas já entraram ou têm uma ideia precisa do que está acontecendo lá. Quando eu estava na universidade, fiz minha dissertação final sobre o tema das favelas no Rio de Janeiro e vim para Brasil para fazer um estágio na área de arquitetura. Depois, como fotógrafo, colaborei com a ONG Comunidades Catalisadoras, para a qual realizei reportagens fotográficas nas favelas. O objetivo do projeto é informar para quebrar clichês.

Morador Matheus Frazão. | Crédito: Antoine Horenbeek

Voz das Comunidades – Qual o significado de favela para você?

Antoine HorenbeekPara mim, a favela anda de mãos dadas com intimidade e comunidade. Os moradores constroem suas casas de forma independente e com a ajuda de vizinhos e amigos. Uma arquitetura sem arquitetos.Juntos, criam uma comunidade forte e unida para proteger contra as injustiças sociais e econômicas e as decisões políticas que os excluem da cidade. Mas a favela faz parte da cidade e ambas são dependentes uma da outra. Se os estrangeiros podem perceber esse potencial, tenho certeza de que os brasileiros também podem.

Voz das Comunidades – Como foi a experiência de acompanhar a rotina das pessoas tão de perto?

Antoine HorenbeekCompartilhar um momento íntimo entre pessoas que não se conhecem cria um relacionamento novo, imediato e forte. Foi uma experiência humana antes de ser um projeto de fotografia. É muito gratificante mas requer abertura e confiança para as famílias que me aceitaram em casa dia e noite e também para mim. Inicialmente, eu queria passar um certo período de tempo com cada família. Mas tive que me adaptar a cada pessoa que tivesse uma situação diferente. Ainda estou em contato com muitas famílias que me receberam.

Voz das Comunidades – Qual foi a rotina que mais te chamou atenção?

Antoine Horenbeek O que mais me impressionou foi a personalidade de cada pessoa que me acolheu e seu desejo de se afirmar como um “favelado”. Tenho consciência de conhecer apenas pessoas que têm orgulho de morar onde moram, senão não teriam me aceitado em casa para tirar fotos. Eu ainda percebo que muitos moradores de favelas são ativistas e usam sua energia para reivindicar seus direitos e tornar sua comunidade mais forte e respeitada. Para alcançar seus objetivos, eles estão prontos para criar novas soluções como moto-taxi, as mídias alternativas, carros particulares, são coisas muito inspiradoras para mim que vem de uma país onde não há favelas.

Voz das Comunidades – Por que você escolheu determinadas favelas e pessoas para fotografar?

Antoine HorenbeekEu tentei escolher pessoas que vivem nas favelas e mais distantes umas das outras pessoas da Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste. A ONG ComCat me ajudou a encontrar voluntários através de sua rede de conhecidos e colaboradores nas favelas do Rio. Enviei a essas pessoas uma carta explicando o projeto e minhas intenções. Eu também encontrei pessoas por acaso conhecendo pessoas no Rio e conversando com todos sobre meu projeto. A fase de encontrar famílias voluntárias levou mais tempo do que o esperado.

Voz das Comunidades – Pretende expor suas fotos em algum lugar dentro ou fora da favela?

Antoine HorenbeekAs fotos foram postadas na internet através de diferentes mídias no Brasil, mas eu gostaria de expô-las também. Espero que, no futuro, o projeto possa viver mais na rua e fora da internet 

Moradores da Favela Cerro Corá. | Crédito: Antoine Horenbeek

Voz das Comunidades – O que os espectadores acharam das fotos do projeto?

Antoine HorenbeekRecebi muitas críticas de pessoas que, geralmente, conheciam pouco das favelas. Eles me alertaram sobre o perigo das favelas ou não entenderam meu interesse por esse projeto. Isso mostra que ainda há muito trabalho a ser feito para abrir mentes e informar as pessoas. Mas os críticos vindos de favelados e pessoas fotografadas foram muito positivos. Alguns enfatizaram a sensibilidade dos retratos, outros me agradeceram por ajudar a transmitir uma mensagem diferente da mídia tradicional sobre as favelas. Veja o projeto completo!

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
jojobetCasibom GirişDeneme Bonusu Veren SitelercasibomMeritking Girişholiganbet girişbaywinDeneme Bonusu Veren Sitelercasibom girişdeneme bonusuCASİBOM GÜNCEL

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]