Nos últimos 16 anos, a campanha Outubro Rosa tem engajado o Brasil na conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que é o câncer mais letal para as mulheres no país. A doença é uma das principais responsáveis por mortes na população feminina, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero, que ainda é a maior causa de óbitos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram estimados 73.610 novos casos de câncer de mama em 2023. Segundo informações do órgão, uma entre doze mulheres no Brasil terá câncer de mama. No Rio de Janeiro, foram estimados cerca de 10.290 novos casos também em 2023, segundo a secretaria estadual de saúde.
A maioria das mortes se dá pela desinformação e o medo, sendo fatores que atrasam o diagnóstico precoce e o tratamento, revela o Ministério da Saúde. A mamografia de rastreamento é indicada para a população feminina entre 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos.
Um dos sintomas mais comuns é o aparecimento do nódulo, como aconteceu com Juliana Ferreira, de 33 anos, moradora da Grota, no Complexo do Alemão. Ela relata que outro sintoma inicial foi uma tosse intensa, levando os médicos a suspeitarem de tuberculose. “Assim que fiz o exame, foram encontrados nódulos no meu pescoço”.
A moradora do CPX foi diagnosticada em 2019 e hoje está em remissão do câncer no INCA, ou seja, sem sinais ou sintomas da doença. “Nunca pensei em desistir. Perdi cabelo e fiquei muito magra. Mexe com nossa autoestima, mas pensava nos meus filhos. Hoje estou em remissão e, depois disso, tive outro filho saudável sem nenhuma sequela”, celebra.
Maria Custódia, de 52 anos, moradora do Vidigal conhecida como Bigu, teve o diagnóstico precoce através do exame de mamografia. “Foram feitos quatro exames de mamografia no mesmo dia para confirmar. Em janeiro de 2021, soube do diagnóstico e em maio, já estava operando”, relembra.
Sempre otimista, Bigu estava disposta a se livrar do câncer. Atualmente, encontra-se na 4º ultrassonografia da mama para rastreamento e não foi detectada presença de células cancerígenas. “Tirei a auréola, tenho uma cicatriz. Me deram encaminhamento para reconstrução, não quis. Hoje não existe câncer nenhum”, comenta. Todo o tratamento foi realizado pelo SUS.
Mulheres cisgêneros, pessoas que se identificam com o sexo de nascimento e homens transexuais, pessoas que não se identificam com o sexo atribuído ao nascimento, também devem realizar exames preventivos de mamografia. Segundo pesquisa realizada pela University Medical Center, de Amsterdã, mulheres trans, pessoas que não se identificam com o sexo de nascimento têm cerca de 47% mais chances de ter câncer de mama do que homens cisgêneros, com apenas 1% de chance de serem acometidos pela doença.