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Rio estuda lançar “moedas” próprias para o Complexo do Alemão

O projeto de implantação de uma moeda própria (CDD) na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, será lançado somente no dia 15 de setembro, mas a prefeitura já pensa em estender a iniciativa a outras duas comunidades. Os próximos alvos devem ser o complexo do Alemão e o morro da Mangueira, ambos na zona norte da cidade.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário, Marcelo Henrique da Costa, confirmou que o pontapé inicial foi dado, mas a negociação não é tão simples. Apesar de o projeto prever prosperidade econômica e prometer alavancar o mercado de trabalho local, o processo de aceitação sofre com algumas barreiras. É preciso provar às lideranças que ter um banco comunitário pode se tornar um grande negócio.

– Não tem nada certo, mas temos essa vontade. Já iniciamos o diálogo com os líderes das comunidades, só que é um processo demorado. Temos de falar com as associações de moradores, outras pessoas importantes das comunidades e também comerciantes. Tem muita gente envolvida. Chamamos isso de escuta forte.

Segundo o secretário, a negociação com o Complexo do Alemão está mais adiantada, pois o conjunto de favelas recebeu a Força de Pacificação em novembro de 2010, enquanto a Mangueira foi pacificada em junho passado.

– O pré-requisito básico para a gente tentar entrar com o projeto é a comunidade ser pacificada. E o Alemão vive isso a mais tempo.

De forma resumida, o banco comunitário tem o objetivo de incentivar novos comércios na localidade beneficiada e, paralelamente a isso, impulsionar o consumo interno.

Os moradores da comunidade que usarem a CDD terão entre 5% e 10% de desconto nos comércios da região. Segundo o secretário, comerciantes e consumidores sairão ganhando.

– O morador ganha o desconto. Com isso, vai passar a consumir mais, o que já é vantagem para o comerciante, que antes vendia, por exemplo, cem tijolos e vai passar a vender 500. Além disso, os donos dos comércios irão tornar os clientes mais fiéis por isso, o que é outra vantagem.

Empréstimos facilitados

Além de trocarem reais por CDDs e, assim, pagarem menos nas lojas da comunidade, os moradores poderão pedir empréstimos sem juros no banco. A facilidade é para valores de até R$ 100. Para montantes maiores, será cobrada uma pequena taxa, segundo Marcelo Henrique da Costa.

O secretário explicou ainda que o projeto ainda engloba consultorias gratuitas. Com isso, o novo empreendedor poderá fazer a escolha certa no momento de abrir um comércio na comunidade.

– A nova dinâmica da economia fará com que surjam novos comércios, novas indústrias. Então, vamos dar consultorias para que a melhor escolha seja feita. Por exemplo, se alguém quiser abrir um açougue, mas já houver um açougue na área, vamos incentivá-lo a investir em outras coisas. Um aviário, ou quaisquer outras possibilidades.

Fonte: R7

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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