Com auditório lotado de moradores do Complexo, audiência foi palco de confusão
Realizada na Defensoria Pública do Rio de Janeiro, no Centro da cidade, na tarde da última segunda-feira (24/04), a Audiência Pública sobre abuso policial no Complexo do Alemão foi marcada por desabafos comoventes de mães que perderam seus filhos e pela revolta de cerca de trinta policiais militares que ocupavam as primeiras fileiras de cadeiras do lado esquerdo do salão.
A Audiência Pública, realizada pelo coletivo Juntos Pelo Complexo do Alemão, abordou, só para citar um dos exemplos mais marcantes, a ocupação arbitrária da laje de alguns moradores da região da Praça do Samba – mesmo local que tem sido palco das guerras dos últimos dias para a implantação da base blindada. Essa mesma guerra já matou quatro pessoas, dentre civis e militares e baleou outras seis.
Segundo o subcoordenador de Polícia Pacificadora, Marcos Borges, que estava presente na mesa junto com autoridades como o deputado estadual Marcelo Freixo e a vereadora Marielle Franco, ambos do PSOL, a ocupação da casas dos moradores fazia parte de “um planejamento”.
O subsecretário também afirmou que “a saída dos policiais das casas já está ocorrendo”. Vaiado, terminou a fala dizendo que a permanência das UPP’s passava por análise de uma comissão do alto comando da corporação com vários comandantes de UPP’S para discutir o que ele chamou de “reestruturação do trabalho”.
Raul Santiago, integrante do coletivo papo reto, também do Complexo do Alemão e a mãe do menino Eduardo de Jesus, morto em ação policial, fizeram falas emocionadas sobre a violência do dia a dia da comunidade.
Em dado momento, com os ânimos exaltados, um dos presentes chamou os policiais de assassinos – cena que se repetiu outras vezes durante a audiência que durou mais de quatro horas. Esses saíram do local.
O comandante da base da UPP Nova Brasília, major Leonardo Zuma, deu do lado de fora uma espécie de coletiva de imprensa dizendo que, diferente do que os moradores relatavam, não tinham sido várias casas ocupadas, e que apenas uma tinha presença de policiais. No entanto, segundo o Ministério Público, foram sete casas invadidas.
Nesta terça-feira (25/04), até o fechamento desta reportagem, a polícia ainda ocupava as casas dos moradores.