Nesta sexta-feira (13), Carlos Daniel, Nuno Alexandre e Carlos Gabriel foram soltos após a acusação sem provas do roubo de um relógio. Desde abril deste ano, o trio de amigos cumpria prisão preventiva. A família, junto com os advogados de defesa, promoveu atos e manifestações pacíficas em prol da decisão favorável.

No alvará de soltura, assinado na quinta-feira (12), a juíza justificou a medida. “Trata-se de pedido de revogação de prisão preventiva pela defesa dos acusados sob a alegação de que os acusados são réus primários, de bons antecedentes, residência fixa, sendo que o MP requereu a desclassificação dos delitos imputados aos réus de roubo majorado para lesão corporal, não se opondo ao pleito defensivo. Assim sendo, com fundamento no princípio da homogeneidade e na manifestação do MP, sendo ainda os acusados primário e de bons antecedentes com residência fixa, acolho o pleito defensivo e revogo a prisão preventiva dos acusados.”
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Durante o dia, a família de Carlos Daniel, Nuno e Carlos Gabriel esperaram a liberação dos jovens em frente ao presídio que estavam locados. A mistura de emoções se resume a ansiedade e busca por justiça.

Relembre o caso
Desde 25 de abril, Carlos Daniel (23), Nuno Alexandre (22) e Carlos Gabriel (21) os jovens estão presos acusados pelo roubo de um relógio que nunca apareceu. Tudo começou após uma briga com um taxista, próximo a favela da Mangueira, na rua Ana Néri.
Após o desentendimento o taxista teria procurado a patrulha policial mais próxima e acusado os meninos pelo roubo de um relógio. Segundo o testemunho do motorista e dos policiais envolvidos, após o relato aos agentes, houve uma perseguição e a prisão em flagrante do trio. O objeto roubado nunca foi encontrado.
Em vídeo de uma câmera de segurança próximo ao local do acontecido, é possível identificar a movimentação de todos os envolvidos, inclusive do taxista voltando na contramão, na direção dos jovens. Ainda assim, na primeira audiência de custódia a promotora envolvida no processo alegou que as imagens não eram nítidas o suficiente e manteve a prisão dos réus.
Inicialmente, a próxima audiência estava marcada para setembro. Com os jovens presos há um mês, Gilberto Santiago, advogado de Carlos Daniel, Nuno e Carlos Gabriel, entrou com uma petição, onde solicitou a antecipação do julgamento. Além disso, a defesa orientou que a família estivesse presente em uma manifestação pacífica em frente a 21ª Vara Criminal da Comarca da Capital, no Centro do Rio.
Depois das movimentações a defesa conseguiu a antecipação da audiência para quinta-feira (12), que resultou no alvará de liberdade para os jovens do Tuiuti.
Reencontro com a família e com a liberdade
“Só caiu a ficha quando fomos pra Benfica, lá teve a audiência de custódia e a juíza determinou que a gente ia continuar preso”, desabafou Nuno assim que foi solto junto com os amigos. Carlos Gabriel mal podia conter a emoção. “Agradecer todo mundo da melhor forma possível e comemorar.”

O pai de Carlos chorou muito ao reencontrar o filho. “Foi uma dor insuportável, foi um mês e 15 dias de agonia, tendo as provas de que eles eram inocentes”. Carlos Daniel, o terceiro amigo que estava preso, também agradeceu os esforços de todos que os apoiaram. “Graças a deus deu tudo certo, foi difícil ficar longe da família.”
Produção: Caio Viana