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Falta de profissionais especializados é um problema para a educação inclusiva de crianças do CPX

Mães relatam a falta de profissionais especializados para alunos que precisam de apoio no aprendizado e socialização
A mãe Daiana Carla com Enzo e a irmã Foto: Marlon Soares / Voz das Comunidades

Você sabe o que é um mediador e o papel deles nas escolas? Este profissional faz parte da educação que visa incluir pessoas com deficiência , síndromes e transtornos, como por exemplo, o Transtorno do Espectro Autista. Eles apoiam os professores em sala de aula e fora dela, adquirem a confiança do aluno. Logo, fazem com que eles se sintam parte da escola, através de várias tarefas que vão desde a brincadeiras, ao auxílio especial para cada aluno. 

A moradora do Morro da Fazendinha, no CPX, Viviane Mendes da Silva, tem dois filhos gêmeos, autistas, Heitor da Silva França e Rafael da Silva França, de 6 anos de idade. Eles têm laudo médico desde os 3. A mãe, preocupada em incluir os meninos na educação, está sempre em sala de aula com eles, junto com a sua outra filha, Maria Eduarda, de 19 anos. E o motivo é a falta de profissionais capacitados para lidar com as dificuldades de Heitor e Rafael. 

“Na escola deles tem a professora da sala de recursos e duas agentes de apoio, as 3 são umas queridas. Mas só tem elas pra escola toda. Meus meninos são autistas moderados não verbais. Eu e a minha filha ficamos com os meninos na sala de aula porque eles precisam de suporte pra tudo, inclusive para ir ao banheiro”. Os dois estudam na Escola Municipal Rubens Berardo. 

Ainda de acordo com Viviane, isso atrapalha Rafael e Heitor, porque acabam ficando dependentes da mãe e da irmã, o que não é bom para a autonomia dos meninos. “Em casa ajudamos eles como podemos, porque a gente não tem o preparo que a escola tem ou deveria ter. Assim que eu fiz a matrícula deles, eu levei o laudo dos dois onde estava escrito que eles precisavam de mediador “. Ela também diz que não conseguiu nem um profissional pelo plano de saúde, mais uma vez ‘arregaçando as mangas’ e tentando resolver a questão de outra forma.

Viviane, no alto do Cpx, com os gêmeos Heitor e Rafael
Foto: Marlon Soares / Voz das Comunidades

O caso de Diana Carla e Enzo Gabriel

Outra mãe que passou por problemas é Diana Carla, também moradora do CPX. Seu filho, Enzo Gabriel, de 12 anos, tem Transtorno do Espectro autista e deficiência intelectual. Ele estudou na Escola Municipal Olavo Josino José de Salles até o ano passado e Diana afirma que ele não podia ficar no horário integral, pois não tinha um apoio (mediador).

“Ele se sentia frustrado porque relatava que os amigos não queriam brincar com ele, que alguns colegas chamavam ele de maluco, vivia frustrado, agitado, irritado, sempre relatando alguma coisa”. Também relatou situações como gritos por parte de uma profissional, o que fez a criança não querer mais ir à escola. Conta que Enzo já voltou para casa sujo, pois não conseguiu ir ao banheiro, por falta de autorização da profissional em sala. Diante disso, Diana precisou mudar a sua rotina e buscá-lo mais cedo, tudo de comum acordo com a direção. 

Ela ainda diz o que muitas mães sentem ao ter que lidar com toda essa situação. “Cansada e sobrecarregada, porque não tinha sequer tempo para ir ao médico passar por uma consulta”. A mãe ficou doente diante de tanta sobrecarga e descaso com o filho. Mas segue na luta. 

Atualmente o filho estuda na Nereu Filho e diz que o Enzo está se adaptando melhor.

“A menina que ele gosta está na turma dele, uma que faz massagem nele… ele ficou bem, conheceu a escola, ficou meio nervoso perto da professora, não quis que ela chegasse perto nem tocasse nele… mas no geral ficou melhor do que eu esperava”. Para concluir, revela que a estagiária que faz o papel de mediadora é esforçada e procura atender as necessidades do filho.  

O que a Secretaria de Educação Municipal de Educação fala sobre o assunto?

A equipe do Voz das Comunidades entrou em contato com a SME (Secretaria Municipal de Educação). O órgão, em resposta, diz que conta com 7 mil mediadores, profissionais dedicados à Educação Especial. Afirmam também que os alunos têm atendimento especializado e agentes de apoio. Segundo o órgão, “essa é uma marca histórica, que a Secretaria alcançou na gestão do prefeito Eduardo Paes. Em menos de um ano, 2 mil profissionais exclusivos para a área entraram na rede.” 

Ainda segundo a nota, todos os profissionais da educação especial são mediadores e os estagiários cursam nível superior em Pedagogia ou Licenciatura.

Sobre as escolas citadas na matéria, a SME diz que “os alunos são atendidos por estagiários, Agentes de Apoio à Educação Especial e professor itinerante, além da sala de recursos. No início de maio as duas unidades vão receber mais um profissional de apoio”. E finaliza alegando que nem todos os alunos da Educação Especial precisam de apoio exclusivo e isso depende de laudos médicos e avaliações pedagógicas.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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