De acordo com a pesquisa realizada pela Folha de São Paulo, 71% dos reconhecimentos errados incriminam pessoas negras no Brasil. Longe de ser uma realidade distante das favelas, justamente porque pessoas negras em sua maioria vivem nesses espaços, desde o dia 10 de julho de 2021, Gabriel Pereira Severiano, de 26 anos e morador do Morro Paula Ramos, Rio Comprido, faz parte dessa estatística que amontoa corpos negros e favelados em presídios brasileiros.
Acusado de realizar um assalto na linha de ônibus 550 – que faz o trajeto de Gávea a Cidade de Deus -, o jovem, que é pai de duas meninas (uma de 3 e outra de 6 anos de idade) e trabalha com a entrega de marmitas para sustentar a família, retornava do encontro com sua jovem na Rocinha quando foi abordado por policiais em um ponto de ônibus na Estrada do Joá, São Conrado, Zona Sul do Rio.

Foto: Arquivo Pessoal
Segundo as informações dos familiares, Gabriel foi encaminhado para a DP onde a pessoa que foi assaltada no transporte coletivo reconheceu ele pelas características que o assaltante possuía: homem negro, altura, casaco preto e capuz.
Em uma entrevista para o veículo de comunicação Ponte, o irmão do jovem, Daniel Pereira Severiano, de 24 anos, destacou a ineficiência da justiça brasileira quando os alvos são pessoas vulneráveis, como a população preta e pobre. “A Justiça do país é muito falha. Infelizmente nós pobres não temos direito a nada. Todo lugar que vamos, nós somos suspeitos de ter feito algo. Toda loja ou mercado que entramos, os seguranças já começam a seguir, mas com o pessoal que tem grana, não funciona dessa maneira. É complicado demais”, desabafa.
Justiça por Gabriel
Atualmente, o jovem está preso no Presídio Evaristo de Moraes, em São Cristovão, aguardando a audiência. A advogada da família solicitou as imagens do ônibus em que a polícia relatou o assalto para comprovar a inocência de Gabriel, mas ainda não teve o pedido analisado.
Desde a prisão, no dia 10 de julho, os familiares lutam pela sua liberdade e realizam campanhas de visibilidade na internet através de hashtags (#JustiçaPorGabrielSeveriano) no Twitter e por um perfil no Instagram, dedicado a ele, para aumentar o alcance do caso.