As contratadas da loja Freedom, localizada na Estrada do Itararé, são vindos das comunidades do CPX e arredores. Esse é um dos valores dos donos do negócio, Valéria Monteiro, a Lela, e do esposo, Rafael Brum. “Busco encontrar o talento na comunidade, onde eu vivi a minha vida inteira”, diz Lela, que abriu a loja Freedom há cerca de cinco anos.
Lela relembra o passado ao olhar para as meninas. Há 20 anos, as oportunidades de emprego eram menores para jovens vindos da favela. Ela ficou sete anos trabalhando em uma grande empresa, sem que eles soubessem na real em qual lugar ela vivia de verdade.
A empreendedora sentiu na pele o que é ter que ‘se virar nos 30’. “A gente criou a nossa própria oportunidade, porque a gente não teve. Eu não tive ajuda com ninguém investindo. Desde o início, a gente ia se desfazendo de coisas para ter o que a gente tá construindo”, revela Lela.
Inovação e pular obstáculos é o segredo para não desistir
Nem tudo é um mar de rosas, principalmente para quem tem o próprio negócio. Dois anos depois da inauguração da Freedom na Itararé, veio a pandemia. Então, o casal teve que se reinventar e vender as roupas online. Lela fazia lives mostrando as peças e, assim, conseguiu manter o trabalho ativo. Começou então a vender para todo o Brasil.
Ela também diz que o Voz das Comunidade, o Rene, ajudaram ela muito e que abraçaram a ideia desde o início. Atualmente a loja é parceira do Concurso Garoto e Garota da Favela, produzido pelo Voz. A Freedom oferece roupas para o dia do ensaio dos ganhadores. “Quantas pessoas já não viram a Freedom pelo Voz? Então as matérias ajudam. É isso que eu falo, de uma galera puxar a outra. Se a gente se unir, a gente consegue”. Para ela, o “céu” é ver onde está chegando. Famosos do pagode, por exemplo, já elogiaram e usaram a sua marca. Lela diz também que não quer parar por aí e almeja abrir outras unidades.
Lela e Rafael também têm quatro farmácias na região do CPX, a Farma Relp, em sociedade com Priscila Lemos e Rafael Lemos. Além disso, o empreendedorismo também está na veia do irmão de Lela, Alex, que é dono de lojas da Óticas Lunas. Uma delas fica ao lado da Freedom.
Benné também é referência no CPX com a marca King Olliver
“A Antonella é o combustível do meu negócio”, diz Antonny Oliveira, o Benné, sobre a filha que teve quando tinha 19 anos. Hoje com 22, o rapaz teve que encarar, na época, o desafio de não deixar a família passar por dificuldades financeiras. Assim, decidiu abrir a loja King Olliver, localizada no Loteamento.
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)
A loja de roupas nasceu um mês após a chegada de Antonella. Criou a própria marca já de cara. E, mesmo com a abertura da King Olliver, Benné não deixou de vender, ‘o Salgado do Benné’. “Eu me dividia entre vender salgados e outras coisas, mas meu sonho sempre foi ter uma marca de roupa. Sempre gostei de ser criativo, e aí eu falei, quando eu tiver oportunidade, vou criar uma marca não só pra mim. Mas para minha comunidade”, conta o empresário.
Do Voz das Comunidades até chegada ao Domingão com Huck
Segurando as lágrimas, Benné diz que é muito grato ao Voz das Comunidades e ao repórter Matheus Andrade, que entrou em contato com ele em 2021. “O meu sonho era sair no Voz das Comunidades. Eu achava o máximo quando via o jornal. Então, dizia pra mim mesmo: quando eu sair em alguma matéria, isso vai mudar a minha vida”, afirma.
Não deu outra. A matéria do Benné abriu outras portas. “Uns dois meses depois, eu saí no jornal Extra, por conta de uma matéria que saiu no Voz. Me deu muito seguidor e muito cliente”, explica o empreendedor. Depois, o Extra mandou a história para o jornal O Globo.
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)
E Benné não parou. Participou da Expo Favela e, ali, viu o Luciano Huck e deu um jeito de chegar no apresentador. “Foi tipo Jesus no meio da multidão. Eu só toquei na veste dele. Meu pai falou assim, ‘olha lá o Luciano Huck!’. Criativo, elaborou uma estratégia para chamar sua atenção. “De longe, eu gravei, comecei a gritar, falando que ele ia ser meu amigo. Aí ele me olhou e foi a deixa. Postei o vídeo, viralizou e todo mundo foi marcando ele”, conta rindo.
Dois dias depois, recebeu uma ligação da Globo. Foi convidado para ir ao Domingão com Huck. Lá, foi surpreendido ao ter que ir ao palco contar toda a sua história e a da King Olliver.
Apesar de todo o sucesso, Benné passou por diversas situações difíceis, como racismo, doença e depressão. Além disso, por conta das chuvas que aconteceram em janeiro, perdeu parte do material da King Olliver. A loja ficou quatro meses parada. Teve que voltar a vender os salgados, porém ele diz que só foi uma pausa para pegar impulso e aprender.
Apesar de tudo, Benné não deixou de ser quem ele é. Tropeçou, se machucou, mas não caiu. E como diz em uma de suas estampas mais vendidas: “A favela segue vencendo”, mesmo nos momentos em que não há holofotes. Mas, Bené já venceu como ser humano.
A loja Freedom fica na estrada do Itararé, 134.
Insta: @freedom_rj_multimarcas
A King Olliver fica na Travessa Guanajuato, 68, no loteamento da nova Brasília – Instagram: @kingollivercollection_rj