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Organizações periféricas se unem pela democratização dos financiamentos no país

Inscrições para bolsa que intensificadores de jovens ativistas e coletivos periféricos estão abertas até o dia 27
Pessoas selecionam restos alimentos no descarte do Mercadão Municipal, no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 14 out. 2021/Folhapress
Pessoas selecionam restos alimentos no descarte do Mercadão Municipal, no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 14 out. 2021/Folhapress

Não é segredo que nosso é de tamanho continental e que, infelizmente, as desigualdades também tomam essas proporções. Por isso, precisamos falar de política é difícil fazer a promoção de direitos humanos no Norte e no Nordeste do país, como é difícil para as favelas e periferias brasileiras e suas organizações e coletivos manter seus trabalhos de defesa e promoção de direitos funcionais.

Em 2021, uma pesquisa preliminar predileta apoie a Pipa – iniciativa pensada a democratizar o acesso ao investimento social privado no Brasil – apontou que 90% dessas organizações de base favelada e têm dificuldades para acessar financiamentos de seus e cerca de 33% desses projetos coletivos e movimentos arrecadam menos de R$ 5 mil por ano.

Sabemos que os territórios negros e periféricos são os que mais sofrem com violações de direitos humanos, os extermínios, a negação do direito à infância, a insegurança alimentar, a violência policial, a falta de acesso à educação pública de qualidade e saneamento básico.

Tudo isso acontece nos territórios favelados e regiões pobres e negras do país. Portanto, é necessário nos perguntar se os grandes no campo dos direitos humanos não estão com as organizações que mais sofrem com uma negação deles, onde eles estão? Falta vontade política do campo de financiamento? Não confia nas organizações? Falta diálogo ou pontes para chegar até essas organizações? O fato é: precisamos intensificar as iniciativas e organizações das maiores vítimas que a ausência dos direitos humanos produz.

foto mostra espaço de um evento que juntou empreendedores da favela e investidores do asfalto
Área de exposição dos empreendedores na Expo Favela, que aconteceu no fim de semana da Páscoa em SP – Marcelo Pereira 18 abr.2022/Secom Prefeitura de São Paulo

Não podemos somente denunciar um problema sem trazer apontamentos de uma solução a médio e longo prazo. É necessário encontrar formas de democratizar os financiamentos nesse país. Queremos um Brasil com acesso à educação, cultura e lazer? Com distribuição de renda e construção de paz? Precisamos investir na vida das pessoas que fazem isso acontecer nas periferias do Brasil.

Segundo a Pipa, 54% das iniciativas respondentes declararam que funcionam com fundos próprios da equipe. Dessas, 40% afirmam que o principal desafio da instituição é remunerar a equipe, que são as pessoas que transformam a realidade do território não apenas com as próprias mãos, mas também com recursos próprios. Isso levanta diversas questões como: condições precárias de trabalho, continuidade dos projetos, ampliação do público que se beneficia com as ações.

É urgente que a solidariedade e a partilha se tornem os principais valores dentro das estruturas de financiamento. É impossível ter organizações periféricas fortes e com grande incidência nos territórios sem o reconhecimento dos financiadores do terceiro setor e dos órgãos do Estado, do trabalho da rede de ativistas e coletivos no contexto da periferia.

Antes de promover democracia na vida das pessoas, precisamos democratizar o financiamento, precisamos humanizar as pessoas da periferia que todos os dias tiram do próprio bolso para causar micro-revoluções nas suas comunidades.

Neste mês, foi lançada a Bolsa Solano Trindade, que significa uma resposta ao que esses dados nos mostraram. É uma iniciativa do PerifaConnection, em parceria com a Pipa, para tentarmos começar essa democratização dos financiamentos.

A bolsa tem como principal objetivo fortalecer a rede de jovens ativistas e coletivos periféricos, prioritariamente do Norte e Nordeste do país. Serão selecionados cinco ativistas com bolsas de R$ 5.000 e dez coletivos que irão receber R$ 10 mil. As inscrições estão abertas até o dia 27 de outubro.

Nesse clima de partilha e solidariedade, a iniciativa tem como principal inspiração Solano Trindade, poeta pernambucano e militante do movimento negro. Um homem negro nordestino que fez história na baixada fluminense e é bastante conhecido pelo seu poema “Tem Gente com Fome”, no qual ele diz que a fome é o grito da locomotiva dos trabalhadores desse país.

No final, Trindade chega a conclusão: “Se tem gente com fome, dá de comer”. Precisamos criar formas de matar a fome do povo, fome de cultura, educação, alimento e justiça. A bolsa Solano Trindade é uma tecnologia periférica, o famoso “nós por nós”, e uma tentativa da própria periferia de provar para as organizações desse país que se nós, periféricos, nos juntamos para democratizar e partilhar nossos recursos, o que falta para isso acontecer a partir dos grandes financiadores?

Jackson Augusto
É batista, exclusivo da coordenação nacional do Movimento Negro Evangélico, membro do Miqueias Jovem Latina, criador de conteúdo no canal Afrocrente e articulador nacional do PerifaConnection

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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