O incêndio de grandes proporções que destruiu, na manhã desta quarta-feira (12), a Maximus Confecções, fábrica de fantasias localizada em Ramos, na Zona Norte do Rio abriu os olhos para questões no que diz respeito a segurança de fábricas de confecções do carnaval. Sendo locais com muitos materiais inflamáveis (plumas, espumas e tecidos), uma faísca pode acarretar uma tragédia.
Em 2011, um incêndio atingiu barracões na Cidade do Samba. Na época, escolas do Grupo Especial perderam fantasias e carros alegóricos. Em 2014, um incêndio atingiu uma loja de artigos de carnaval no Centro da cidade. A loja foi completamente destruída. Em 2020, um incêndio atingiu o barracão da Acadêmicos do Sossego, que fica próximo à Av. Brasil. Na ocasião, a escola perdeu três carros alegóricos.
Hoje, em Ramos, a cidade acordou com o episódio no local onde funcionava a Maximus Confecções. A empresa era um dos principais fornecedores de fantasias para escolas de samba das divisões de acesso, além da produção de uniformes militares. Com o incêndio, escolas de samba como Porto da Pedra, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu e o Império Serrano foram duramente atingidas – estas três últimas perdendo todo o seu carnaval de 2025. Outras escolas, como a Acadêmicos da Rocinha e Portela também parcialmente foram atingidas – No caso da Portela, a confecção de blusas para ensaios.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o prédio não tinha alvará para funcionamento, ou seja, não possuía certificação de segurança. O coronel Sarmento afirmou que todos os materiais armazenados no local tinham alta combustão, o que pode ter contribuído para a rápida propagação das chamas. Além disso, registros da Receita Federal apontam que a Maximus Confecções estava inapta desde 2021 por falta de declaração de impostos e possuía cerca de R$ 5 mil em dívidas. A empresa mudou de dono em 2022.
Pessoas resgatadas trabalhavam de forma análoga à escravidão
No momento do incêndio, que iniciou por volta das 7h da manhã, cerca de 30 pessoas dormiam no local. Segundo relatos, muitas pessoas iam para casa apenas aos domingos, fazendo da fábrica sua morada para trabalhar. Assim que acionado, o Corpo de Bombeiros de Ramos se dirigiu ao local para apagar o fogo e contou com a ajuda de outros quartéis que atenderam a ocorrência prestando ajuda. No início da manhã, a TV Globo mostrava o drama das pessoas sendo resgatadas. Os bombeiros posicionaram escadas para chegar aos andares superiores e quebraram grades para efetuar os resgates.
O incêndio deixou pelo menos 21 feridos, sendo que oito estão em estado grave no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Outras vítimas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar, à Coordenação de Emergência Regional (CER) da Ilha, ao Hospital Federal de Bonsucesso e ao Hospital Municipal Salgado Filho. As equipes de resgate seguem monitorando a área para evitar novos incidentes.
A LigaRJ, responsável pelas escolas do Grupo Ouro, se manifestou nas redes sociais. “A Fábrica Maximus desempenha um papel fundamental no fornecimento de materiais para as escolas de samba e, além disso, serve como espaço para a confecção de fantasias de diversas agremiações. O impacto deste incidente atinge diretamente o planejamento do Carnaval e toda a cadeia produtiva envolvida na sua realização”, publicou. O presidente da LigaRJ, Hugo Júnior, convocou uma plenária com os presidentes das escolas da Série Ouro para falar sobre o carnaval de 2025.
A Defesa Civil interditou completamente a fábrica e o prédio anexo devido aos danos estruturais e risco de desabamento. A Light precisou interromper o fornecimento de energia na região para garantir a segurança das equipes que ainda atuam no local. As causas do incêndio seguem em investigação.