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Você já pensou em outras vidas?

É só uma bala se perder que cinquenta perdem a fé… Você estaria entre estas cinquenta pessoas? E se o destino desta bala perdida se encerrasse em seu filho ou irmão? Possivelmente sim, por que pense bem, será que esta bala é tão rápida que nem mesmo Deus a enxerga prestes a atingir uma inocente criança? Não parece algo injusto? Como pode ser possível se Deus é justamente o que há de mais justo? Eis um grande desafio, o de explicar-lhe a lógica desta justiça…

Primeiramente, para entendê-la, observe ao seu redor e se observe em meio ao mundo. Você verá que não somos iguais, uma constatação óbvia, verá também que alguns são muito mais privilegiados que outros, pois alguns nascem pobres, doentes, e outros ricos e saudáveis, e se Deus é inteiramente justo, o que justifica esta distinção? Onde foi que eu errei enquanto era apenas um feto para vir com mais problemas que outros? Concorda que se esta for nossa única vida, Deus seria injusto? Então pense… O que justificaria tal disparidade de privilégios entre nós seres humanos seria o fato de que somos nesta vida um reflexo daquilo que fizemos na vida passada…

Então quer dizer que se hoje eu uso cadeira de rodas, foi por que em uma vida anterior eu debilitei a outro ou a mim mesmo fisicamente? Parece fazer sentido, não parece? Isto é o que o espiritismo chama de causa e efeito. Mas, por que eu não me lembro disto? Por que é justamente não se lembrando do seu erro que você se vê em meio a uma situação que parece injusta, e isso torna ainda mais eficiente o seu aprendizado nesta vida com relação ao que fez na vida passada… Mas e quanto à criança inocente que foi atingida por uma bala perdida?

Eis a parte mais desafiadora quando o assunto é justiça… Compreender o acaso. Será que em um único parágrafo eu consigo justificar que tal acontecimento não se resume a uma injustiça de Deus por mais plausível que pareça? Definitivamente não, mas definitivamente Deus não se resume aos acontecimentos do acaso que aos olhos do homem parecem absurdos no ponto de vista de uma justiça divina, pois, como justificar a inocente criança que morre por uma bala perdida? Aos olhos da ciência da imortalidade, o espiritismo, existe um por que, tão revoltoso que não pode ser por muitos de nós compreendido ou aceito apesar de compreendido…

Tudo indica que inocência não é fiança… A criança de hoje, foi o adulto da vida de ontem, e que decidiu nascer sobre o cuidado daquele que na vida passada o matou ainda jovem, para que ao morrer jovem sob a mira de uma bala perdida, esta mãe ou este pai, sintam a dor que sentiram os pais da criança cuja vida por eles foi tirada em alguma vida anterior. Confesso que é complexo, e que como eu disse anteriormente é difícil de ser aceito, mas não deixa de ser lógico. Esta coluna não é uma doutrinação, é apenas a apresentação de uma outra maneira de se enxergar o sentido da vida, uma maneira que se com muito esforço for compreendida, não faz com que cinquenta percam a fé por causa do fatal destino de uma bala perdida…

AUTOR

Joao_Pedro_colunistafixo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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