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Uma mitologia indígena

ceuci
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Ceuci descansava à sombra da árvore do bem e do mal, quando avistou seus frutos grandes e maduros. Não resistindo, apanhou e comeu uma de suas frutas e o seu caldo escorrendo pelo seu corpo nu alcançou o meio de suas coxas. Meses após, revelou-se uma gravidez que encheu de indignação toda a comunidade de sua aldeia.

O Conselho de Velhos, achou por bem, puni-la com o desterro. Ceuci teve seu filho muito longe da aldeia e deu-lhe o nome de Jurupari, futuro legislador, que veio mandado pelo sol para reformar os costumes da terra e também encontrar nela uma mulher perfeita com quem o sol pudesse casar.

À medida que o menino cresceu foi afastando-se da mãe e muito jovem já era considerado o “Moisés” dos tupis. Para que os homens aprendessem a viver independentes das mulheres, Jurupari instituiu grandes festas que só eles podiam tomar parte.

Ceuci inconformada com tais leis e saudosa do filho, resolveu, certa noite, dar uma espiadinha no cerimonial dos homens. Furtivamente, então, transpôs o patamar da entrada da “Casa dos Homens”. Essa infração era punida com pena de morte, mas antes do término do cerimonial, Ceuci foi fulminada por um raio. Jurupari foi imediatamente chamado para ressuscitar a mãe, mas nada fez, pois não podia abrir precedentes em suas leis.

“Morreste mãe, porque desobedeceste à lei de Tupã. É a lei que eu vivo a ensinar. Não vou te ressuscitar, mas te recomendo: sobe, bela, radiante e pura para um mundo melhor. Cumpriste a verdadeira missão de mãe, que sempre é cheia de amor, renúncia, desenganos e sofrimento. Meu pai vai recebê-la de braços abertos lá no céu”.

O corpo da deusa, então, cheio de luminosidade, começou a subir. Atravessou o espaço e transformou-se na estrela mais resplandecente da constelação das Plêiades (constelação que indica a época certa da colheita das frutas maduras, da caça e da pesca).

Ali está, até hoje, para lembrar aos selvagens o respeito às leis de Jurupari, o Filho do Sol.

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O mito a cima pertence a tribo Tupi, possui muitas similaridades com a história de Maria mãe de Jesus. Ceuci teve um filho dos deuses e assim como Jesus, veio a terra para trazer a ordem aos humanos que estavam precisando. Toda comunidade precisa de uma ordem e de valores para viver em equilíbrio, os mitos e as histórias são de extrema importância para isso.

Além disso, Ceuci e Maria, nos dizem muito sobre as relações de mãe e filho. Entrar em contato com essas histórias pode nos ajudar a encontrar soluções em momentos difíceis de nossas vidas. Refletir sobre os caminhos que os deuses escolheram seguir e as adversidades que precisam enfrentar diz muito sobre nossa vida atual.

O mais interessante, é que, muito antes dos portugueses chegarem ao Brasil e trazerem o cristianismo, a história de Ceuci e Jurupari já era contata na comunidade Tupi.

Fonte da mitologia: http://cantinhodosdeuses.blogspot.com.br/2012/02/deusa-ceuci-e-jurupari.html

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Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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