Desde a sua origem, as favelas do Rio de Janeiro procuram reafirmar a sua existência diante de obstáculos sociais, políticos e econômicos junto a importância do seu papel na sociedade através de instrumentos; Entre eles, está a Educação. Garantida na Constituição de 1988 como um direito e dever do Estado e da família, é uma válvula de escape para crianças, jovens e adultos diante de um espaço violento, discriminado e marginalizado através do aprendizado técnico, ético e físico, no uso da cidadania na busca pela conscientização e democratização de cada indivíduo e na qualificação para o mercado de trabalho.
Entretanto, as dinâmicas violentas inseridas de forma egoísta e brutal nesses espaços, em prol de uma guerra que não condiz com quem sobrevive tal cotidiano banalizado devido a uma política de segurança falha focada em combater o “inimigo em território hostil”, afetam a sua garantia de efetividade, trazendo ainda mais desigualdade social, preconceitos, confrontos e mais mortes do que oportunidades de desenvolvimento. O interrompimento das atividades devido a tiroteios e/ou operações policiais aumentam os traumas psicológicos tanto de alunos quanto de funcionários públicos que trabalham nesses territórios, a taxa de evasão escolar e, consequentemente, mão de obra para a criminalidade não só nas favelas mas por toda a cidade.
Assim também devido a baixa infraestrutura e qualidade de ensino oferecida dentro das escolas públicas, se constrói um ensino que desmotiva o sujeito a questionar, prejudica o aprendizado do estudante, sua interpretação do mundo e contribui para a alienação em massa junto com a romantização de “lutas” em um país que assume o penúltimo lugar entre 38 países no ranking da Educação na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — OCDE.
Diante dos fatos, cabe ao Governo a elaboração de um Plano de Segurança Nacional tanto pela extrema urgência quanto para definir os melhores caminhos a serem dados e de forma eficaz sem que mais sangue seja derramado nos territórios populares. Além dos investimentos, o planejamento do Estado sobre a aplicação destes recursos de forma democrática e transparente devem estar voltados para a melhora das escolas já existentes, a valorização dos professores e do desenvolvimento dentro do âmbito escolar público para a potencialização dos direitos e deveres. Isso favorece a participação social através da expansão de novas perspectivas de vida sobre diversos assuntos importantes de serem debatidos a fim de enriquecer cada cidadão visando no conhecimento, incentivando a discussão de soluções que sejam efetivas e a longo prazo pois o futuro será determinado através das nossas ações no presente.