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O uso da máscara é uma das formas mais seguras de se proteger, não duvide disso

O uso obrigatório de máscara no Rio de Janeiro está determinado por lei do governo estadual, aprovada em junho e com validade enquanto durar o estado de calamidade pública
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Colaboração: Beatriz Diniz

Usar máscara é obrigatório porque estamos passando por uma pandemia. Mas, o que é uma pandemia? Pandemia é o surto de doença infecciosa que se espalha entre a população numa grande região geográfica como, por exemplo, o mundo todo. O novo coronavírus está espalhado assim, por isso, algumas medidas de proteção devem ser obrigatórias. E na favela, será que o uso obrigatório das máscaras foi inserido na vida dos moradores?

Entre moradores do Complexo do Alemão, por exemplo, há divergências em relação ao uso de máscara. A Iolinda Gonçalves, moradora da Alvorada, não vê a necessidade de usar: “Eu não uso, me incomoda, por causa da rinite e eu não gosto. Não tenho medo de pegar Covid. O que eu mais vejo é todo mundo sem ou usando errado, colocando no queixo. Para dizer que não uso, apenas quando vou ao mercado pois para entrar é obrigatório”. Apesar da preferência por não usar máscara, Iolinda usa em locais em que não é permitida a entrada sem máscara.

Já o Romilson Luiz, morador da localidade do Loteamento, mesmo sentindo incômodo ao usar a máscara, acha certo o uso obrigatório: “Eu botei o pé na rua, já coloco a máscara. Eu sinto falta de ar e mesmo assim não deixo de usar. Eu penso em primeiro lugar na minha família, quando chego ali na Brasília e vejo tanta gente sem máscara, eu não tenho medo de morrer, mas eu cuida da minha família”. Mesmo sentindo falta de ar com a máscara, o Romilson prefere usar para proteger a família dele.

A Cristina Rodrigues, moradora da Fazendinha, começou a usar a máscara mas desistiu: “O presidente não usa e pegou corona, o governador usou e pegou corona, os artistas não usam, fica tudo em festa aglomerado. Aqui mesmo se você andar pelas ruas ninguém usa, vai multar na favela? O certo seria o isolamento social, dando o apoio financeiro para os moradores, eu tive que trabalhar, não tive isolamento, pego ônibus cheio, vejo no jornal a praia lotada, a obrigação é para um ou para todos?” A escolha da Cristina por não usar máscara, ainda que baseada no argumento lógico de que pegou corona quem não usa e quem aparece em público usando (não sabemos se quem usa em público não usa em situações privadas), acaba por fazer com ela fique desprotegida e leve o corona para dentro de casa ou do trabalho. Por outro lado, é muito importante o que ela diz sobre poder andar em ônibus, trem, barcas ou metrô lotados, porque autoridades permitem então que trabalhadores corram o risco de se contaminar em aglomerações no transporte coletivo.

O uso de máscara é uma medida de proteção contra o corona, porque evita que o vírus entre no nosso corpo pela boca e pelo nariz e evita também que pessoas contaminadas passem o vírus ao tossir, espirrar ou falar. Usar máscara durante a pandemia não é uma escolha pessoal nem uma questão de preferência: é uma necessidade diante de uma grave situação que afeta a saúde de muitas pessoas. Mesmo assim, tem quem não use, seja porque não sabe a importância nem a função da máscara, seja por escolha individual ou até mesmo por não ter dinheiro para comprar.

Vale ressaltar que o uso constante de máscara em larga escala tem como base a proteção coletiva, ou seja, a proteção de todos nós. O corona é um vírus novo que causa uma doença nova, a COVID-19, que pode levar à morte, dar sintomas leves ou até mesmo não dar nenhum sintoma. Em todos os casos, quem está com o corona pode transmitir o vírus para outras pessoas. E a máscara é a forma de evitar a transmissão de quem está com o vírus para quem ainda não foi contaminado.

Usar máscara então é o novo normal. Mas se adaptar a esse novo normal não é fácil, ainda que seja necessário, e requer muitas explicações para entendermos direitinho a função da máscara e a importância de seu uso. Como prefeituras, governo estadual e governo federal não estão investindo em campanhas informativas fica mesmo difícil entender bem os motivos do uso obrigatório de máscara. 

Ao usar a mascara você evita o contagio se protege protege quem esta em sua volta. Créditos: Raiffe

Todos nós temos direito a ter uma opinião. Mas o uso obrigatório de máscaras não é uma escolha pessoal, ao contrário, é uma atitude de proteção própria e de cuidado com familiares, amigos e colegas de trabalho. E o uso de máscara só é uma obrigatoriedade porque é necessária para a saúde e o bem estar de todos. Se a maioria escolhesse não usar máscara não ia ter UPA nem hospital público ou privado para dar conta de tratar de todas as pessoas ao mesmo tempo. O problema é que o coronavírus se espalha muito facilmente, e já sabemos que o vírus entra no nosso corpo pelo nariz e pela boca, por isso que usar máscara vai além da escolha pessoal, porque ajuda a diminuir a rapidez da transmissão do corona e a exposição ao vírus de muitas pessoas ao mesmo tempo. 

Opiniões divergentes à parte, o melhor é que todos possam usar máscara e saibam os motivos para o uso ser obrigatório. Como o coronavírus e a COVID-19 são novos, tudo está sendo estudado e descoberto durante a pandemia. Não há certezas sobre a imunização nem o tempo que ficamos imunes ao vírus depois da contaminação. Há várias iniciativas de vacinas, que ainda estão em testes, então, o que podemos fazer é evitar o corona. E usar máscara é uma das formas de evitar o coronavírus e a COVID-19.

O uso obrigatório de máscara no Rio de Janeiro está determinado por lei do governo estadual,  aprovada em junho e com validade enquanto durar o estado de calamidade pública. É obrigatório o uso de máscara em locais públicos, como nas ruas, e locais privados de acesso coletivo, como shoppings e estabelecimentos comerciais.

Já na cidade do Rio, o uso obrigatório de máscara nas ruas e em estabelecimentos abertos ao público foi determinado pela prefeitura em abril. De 5 de junho a 11 de agosto, a prefeitura aplicou 5.093 multas por descumprimento das medidas de combate ao novo coronavírus, das quais 3.959 foram pela não uso da máscara.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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