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O Amarelo e Vermelho do Alemão

Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)

O presidente do bloco está batalhando para conseguir desfilar como escola em 2016

Até ser o ritmo reconhecido e aclamado mundialmente como é hoje, para quem não sabe, no século XX o samba passou por fortes repressões da sociedade rica e branca da elite carioca. Por ser de origem negra e pobre, era visto como “atividade de marginal”. Por isso, as rodas de samba eram sempre nos altos dos morros. Graças ao povo resistente, o ritmo não morreu.

O Rio de Janeiro, em especial, tem diversos blocos e escolas de samba. O que nos surpreende é saber que no Complexo do Alemão há um bloco que está correndo atrás da formalização para se tornar uma escola de samba.

Luís Cláudio Soares, presidente da agremiação, explica um pouco sobre a história do Unidos do Complexo do Alemão. Para chegar a este nome, houve um enredo anterior. Ele conta que na década de 80 havia uma escola de samba chamada Paraíso da Alvorada, que faliu. Logo após, Luís, um intérprete, junto com um mestre de bateria, ambos apaixonados por samba, resolveram dar continuidade, mas com denominação diferente. Até chegar ao nome que é hoje, houve inclusive uma votação.

O bloco contou com pessoas de diversas parte do Alemão, sendo a maioria da Nova Brasília, por isso a concentração e o desfile são realizados lá. O grupo carnavalesco ainda não recebe nenhum tipo de ajuda financeira, apenas alguns comerciantes locais contribuem para alegria da comunidade.

O presidente está batalhando para conseguir desfilar em 2016, na Intendente Magalhães, no bairro Campinho, onde as escolas do grupo B, C e D se apresentam. Confiante, ele diz que o bloco tem tudo para se tornar oficialmente uma escola de samba e disputar com as outras. Ao todo, o número de componentes é de novecentos por ano. O intérprete do bloco explica o porquê de tanta gente. Segundo ele, são pessoas que desfilavam antigamente no Paraíso da Alvorada e que vem chegando pouco a pouco.

Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)
Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)

Os ensaios acontecem na quadra da Nova Brasília, por não terem ainda uma quadra própria. A data dos encontros foi prevista para ocorrer a partir de agosto. Para aqueles que gostam de folia é bastante fácil fazer parte do bloco, basta procurar por Luís Cláudio, que é também vice-presidente da associação de moradores da Nova Brasília.

Legalmente, o bloco completou três anos no mês de julho, apesar de existir há muitos anos com outro nome. Os fundadores do Unidos do Alemão dizem que os moradores pedem e sentem falta dos ensaios na quadra, mas para acontecer um encontro de todos os componentes, é uma burocracia permanente por partes das entidades legais. Entretanto, nada disso impede que os integrantes continuem nessa luta continua. Como diz a letra de uma conhecida música, “não deixa o samba morrer, não deixa o samba acabar, o morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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