A Justiça do Rio concedeu habeas corpus para MC Poze, preso desde o dia 29 acusado de “fazer apologia ao tráfico”. O cantor é cria da favela do Rodo e traz suas vivências nas letras enquanto um jovem que já teve envolvimento com o varejo de drogas e atualmente utiliza sua arte para conscientizar seus semelhantes sobre o caminho certo a seguir. No texto da decisão, o desembargador Peterson Barroso fez críticas a alguns elementos da prisão.
Para o desembargador, o processo policial não foi regular e Poze foi tratado “de forma desproporcional”. O artista foi preso em sua casa na manhã da última quinta-feira (29) e não teve o direito de vestir uma camisa e calçar um chinelo. Além disso, os agentes policiais já chegaram no local com a imprensa. Na decisão, Peterson ainda definiu liberdade de expressão para afirmar que Poze teve seus direitos violados. No texto ele afirma que “a liberdade de expressão é um direito fundamental e garante a todos o direito de se expressar”. Além de ressaltar que “o que se diz sobre apologia ao crime pode não ser exatamente isso”.
O desembargador também afirmou que para combater o varejo de drogas é preciso prender quem comanda as negociações. O que não é o caso do MC Poze, que é apenas um cantor. O texto também traz um paralelo importante em relação a outros tipos de crime: enquanto aqueles que roubam o INSS de idosos não precisam se preocupar com uma responsabilização, um jovem negro “que trabalha cantando e ganhando seu pão de cada dia” é preso.
A decisão é um passo para que Poze acesse a justiça depois de tantas violações. O caso mostra o quanto a cultura favelada ainda é criminalizada e o quanto jovens negros sempre serão violados independente do status social. Poze do Rodo deve liberado durante a tarde.