Morre Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, aos 88 anos

Referência no samba carioca, músico estava em tratamento contra câncer de próstata e Alzheimer; ele foi um dos responsáveis por transformar as rodas suburbanas em um movimento revolucionário no gênero
Foto: Reprodução

O samba perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas. Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, morreu na noite de sábado (14), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, e lutava contra um câncer de próstata, além de conviver com o Alzheimer.

Considerado “o próprio Cacique”, Bira presidiu o bloco desde sua fundação em 1961, sendo uma das personalidades mais influentes na cena do samba carioca. No fim da década de 1970, as rodas promovidas na sede do Cacique de Ramos deram origem ao Fundo de Quintal, grupo que inovou ao incorporar instrumentos como o tantã, o repique de mão e o banjo, revolucionando o samba de raiz. Entre os sucessos com sua participação estão “A Amizade”, “O Show Tem Que Continuar” e “Do Fundo do Nosso Quintal”.

Nascido Ubirajara Félix do Nascimento em 1937, no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, Bira cresceu cercado por referências do samba e do choro, como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Aos sete anos, teve seu “batismo no samba” na Estação Primeira de Mangueira. Sua trajetória inclui também parcerias com nomes como Beth Carvalho e décadas de trabalho como servidor público antes de se dedicar integralmente à música.

Bira deixa duas filhas, dois netos e uma bisneta. O Cacique de Ramos e o Fundo de Quintal emitiram nota oficial lamentando a perda e exaltando sua contribuição imensurável à cultura popular brasileira. Informações sobre velório e sepultamento serão divulgadas pela família.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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