Jornalistas da Colômbia visitam o Voz das Comunidades e conhecem favelas do Rio

Equipe do jornal Universo Centro puderam conhecer o Rio de Janeiro a partir da perspectiva histórica das comunidades
Foto: Gustavo Barli/ Voz das Comunidades

Medellín e Rio de Janeiro são cidades que compartilham mais semelhanças do que diferenças. O projeto Universo das Vozes iniciou sua primeira etapa no Rio de Janeiro, estabelecendo uma ponte cultural e profissional entre Medellín, na Colômbia, e o Rio, no Brasil. A iniciativa visa explorar e compartilhar histórias das comunidades locais por meio de diferentes expressões artísticas — como literatura, ilustração, música e fotografia — com foco em temas cotidianos e desafios comuns. Universo das Vozes é fruto de uma parceria entre Universo Centro (Medellín) e Voz das Comunidades (Rio de Janeiro) para realizar residências binacionais, promovendo intercâmbios culturais, artísticos e sociais entre as duas cidades. O objetivo é criar um mosaico global de identidades culturais, promovendo um diálogo contínuo entre Medellín e Rio de Janeiro.  

No auge da crise em Medellín, entre o final dos anos 80 e início dos 90, as favelas do Rio inspiraram projetos sociais locais, como o Favela/Bairro, que influenciou intervenções nas comunas colombianas. Anos depois, o Rio tentou adotar soluções urbanas de Medellín, como o metrocable e os parques-bibliotecas, mas sem o mesmo sucesso. 

Os representantes selecionados da ONG Voz das Comunidades foram: Natália de Deus, João Victor Vitória, Gabriela Conc, Tamires Aragão e Leticia Gonçalves. Já pelo Universo Centro, participaram Juan Fernando Ospina, Pascual Gaviria, Estefanía Carvajal, Alexander Jiménez, Santiago Rodas, Sandra Barrientos e a intérprete Lina. 

O ponto de partida do roteiro foi a compreensão do processo de favelização no Rio de Janeiro, explorando tanto a formação geográfica desses territórios quanto a dinâmica de suas economias locais, além de iniciativas que resistem por meio da cultura, da organização social e do ativismo. 

A recepção aconteceu na região central do Rio, com a caminhada e a história sendo contada pela jornalista e guia local Thayná de Souza, seguindo o trajeto do Cais do Valongo, Morro da Providência e Candelária, onde aconteceu o Festival Marielle deste ano.  

Os encontros seguintes aconteceram no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com uma programação que levou os participantes a diferentes pontos da comunidade. O percurso teve início no teleférico da Central e seguiu pelo Educap, Ponta dos Pés, Coletivo Papo Reto, MEEA e Casa Voz do Alemão, onde foram recebidos por Rene Silva e toda a equipe do Voz das Comunidades. Além disso, exploraram a região da Nova Brasília, passando por suas ruas e comércios locais, e conheceram espaços importantes como o CineCarioca e a Nave do Conhecimento. E teve oficina de Tambor com os atabaques na Tenda de Umbanda Falangeiros de Luanda.  

A troca de experiências entre o jornal impresso Voz das Comunidades e o Universo Centro provocou debates, destacando tanto as diferenças quanto os pontos em comum entre suas produções. Enquanto o jornal de Medellín se caracteriza por uma abordagem literária e narrativa, o Voz das Comunidades foca na cobertura de notícias quentes e factuais quanto ao Portal de Notícias, e mais frias quanto ao Jornal Impresso. No Rio, os jornalistas colombianos mergulharam na realidade local, entrevistando moradores, registrando imagens e conhecendo de perto os projetos sociais, ao mesmo tempo em que exploravam novas formas de escrita. 

O intercâmbio cultural terminou com visitas à Rocinha e ao Vidigal, favelas localizadas na Zona Sul do Rio. Os participantes conheceram projetos como o do Tio Lino, Acorda Capoeira e a galeria Wark Rocinha, além de explorar a história local. No Vidigal, a Casa Voz Vidigal foi o ponto de partida para entender a geografia e os projetos sociais da comunidade. 

O mural 

É a primeira arte permanente da ONG do Voz das Comunidades no Alemão, mas algo que mexeu com todos, e agora, pensa em ser algo contínuo. A comunidade local será integrada em todas as etapas do projeto, desde a coleta de histórias até a criação de arte, com a promoção de oficinas e eventos comunitários. A intervenção artística no muro perto da Escola Municipal Professor Affonso Várzea, na Avenida Itaoca, no coração do CPX, foi feita sobre um bueiro.  

Foto: Leticia Gonçalves/Voz das Comunidades 

A imagem, inspirada em uma feira livre, traz tangerinas vibrantes, com uma fruta sendo transformada em porta-moedas. A obra atraiu a atenção de todos, com pessoas na rua elogiando e cumprimentando os artistas enquanto o trabalho acontecia. Era impossível não notar o mural, que se destacava de forma marcante no território.  

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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