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Imunidade e coronavírus: perguntas e respostas

Ainda não foram desenvolvidos vacinas para combater o novo Coronavírus, por isso, a imunidade se tornou o assunto do momento. Dependemos da nossa imunidade para reagir à doença e iniciar uma recuperação. O sistema imunológico é definido como um conjunto de órgãos, tecidos e células que fazem a defesa do organismo contra vírus, bactérias e agentes infecciosos, e é ele que nos protege das doenças. Quem tem a imunidade baixa, como os idosos, apresenta os sintomas mais graves da doença. A professora de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Viviane Alves explicou ao Voz das Comunidades que o único jeito de adquirir anticorpos contra qualquer doenca é entrar em contato com ela, mas no caso da covid-19 é um risco pois é um vírus novo que nosso organismo não conhece e pode não vencer a batalha. É fake news dizer que podemos aumentar a imunidade, podemos melhorar seu funcionamento para que ela fique em um nível normal.

“Manter uma imunidade adequada na vida adulta e na velhice, fazer com que essa imunidade não diminua, não vai evitar que você contraia o vírus, ou que tenha sintomas moderados ou graves. A gente não usa o termo “melhorar a minha resposta imune” e sim “ter uma resposta imune adequada” que ajude o organismo a responder melhor às inflamações. Por isso os casos mais grave são os idosos que já tem uma imunidade naturalmente diminuída, eles respondem de forma pior à doenças

Trouxemos dois profissionais da área da Saúde para responder perguntas sobre a imunidade. Além da professora Viviane, o biomédico João Carlos Oliveira também vai responder nossas perguntas.

01) Quais sinais o corpo apresenta quando nossa imunidade está baixa?

João Oliveira: O organismo humano é um sistema super inteligente, capaz de identificar qualquer falha ou dano nele causado. 

Quando a nossa imunidade cai, recebemos diversos sinais para nos deixar em alerta. Os sinais mais comuns podem ser inflamações frequentes (ouvido, garganta), queda de cabelo acentuada, unhas fracas, cansaço excessivo e demora na recuperação de doenças consideradas de menor complexidade, como a gripe. Conhecer seu corpo é essencial, pois esses sinais podem variar de organismo para organismo, ou seja um pessoa pode apresentar queda capilar e outra não, tudo pode variar.

02) Como fazer para manter nossa imunidade?

João: A melhor forma de manter uma boa imunidade é, sem dúvida, investir em hábitos saudáveis, seja uma alimentação equilibrada, rica em frutas e verduras, ou até mesmo na prática de atividades físicas, além, é claro, do consumo constante de água e sono regulado. Esses quatro hábitos, quando combinados, dão um “up” no sistema imunológico, aumentando a proteção contra diversas doenças.

03) O que seria essa alimentação saudável?

Viviane: Não são só dietas vegetarianas ou uma dieta com mais proteína, é uma dieta equilibrada. É aquele famoso prato colorido, né? Que tenha arroz, feijão, uma carne se puder, um ovo, verduras e legumes de várias cores. Na velhice a gente tem uma baixa de vitamina D e é provado que a vitamina D ajuda a nossa resposta imune, então depois dos 40 anos você deve dosar a quantidade de vitamina D que você tem no sangue. Além de dosar a vitamina D, você deve tomar sol

04) Por quanto tempo devo tomar sol?

Viviane: A vitamina D é a que a gente ingere nos ovos e no leite, só é absorvida é convertida se a gente tomar sol, o indicado é a partir de 15 minutos no horário adequado, evitando a exposição prolongada ao sol nos horários mais quentes do dia, entre 12h e 15h. Pessoa com mais melanina tem que tomar um pouco mais de sol: 40 minutos no horário adequado, porque eles têm uma resistência a absorção da luz solar, a pele é mais protegida então seus níveis de vitamina D são baixos. Sempre lembrando do protetor solar.

05) Como fazer exercícios físicos no isolamento social?

Viviane: Caminhada dentro de casa ou se morar em condomínio sempre mantendo distância de pelo menos 2m de distância em todos os lados de qualquer outra pessoa mesmo com máscara. Lembre-se que você pode se infectar colocando as mãos contaminadas nos olhos, na boca e no nariz. Então sempre tome cuidado mesmo com a máscara. Foi descoberto que feridas nas mãos por excesso de lavagem de mãos, por exemplo, podem ser uma fonte de transmissão, se você tocar uma superfície contaminada. Além de lavar as mãos com frequência é importante hidratar depois para que não aconteçam lesões.

06) É verdade que cigarro e bebidas alcoólicas diminuem a imunidade? Se sim, como isso ocorre?

João: Sim, tanto o álcool quanto o cigarro são substâncias tóxicas e agressivas para o nosso corpo, capazes de prejudicar diversos órgãos e sistemas. O uso frequente e prolongado destas substâncias causa um prejuízo no nosso sistema imunológico, dando vasão a diversos quadros infecciosos e inflamatórios. No caso do tabagismo, seja ele ativo, passivo, em grandes ou pequenas quantidades, o cigarro libera diversas substâncias capazes de bloquear a ação dos cílios localizados na região da traquéia, responsáveis pela manutenção daquela ambiente e eliminação de possíveis invasores, como vírus e bactérias. Com sua ação inibida, os cílios não são capazes de eliminar no muco todos esses agentes infecciosos, o que facilita a invasão de microrganismos no tecido, aumentando as chances de possíveis infecções. Além disso, o cigarro também libera inúmeras substâncias pró-inflamatórias que dará ao sistema imune muito mais trabalho do que de costume, sobrecarregando o sistema e dificultando sua ação sobre os agentes patológicos. No caso do consumo de bebidas alcoólicas, mesmo que com baixa frequência, o álcool se torna responsável por inibir diversos receptores cuja função é realizar a identificação de agentes causadores de alguma infecção, deixando nosso corpo exposto e vulnerável para a invasão de microorganismos. Além disso, o álcool também libera substâncias pró-inflamatórias que podem causar, em exposições prolongadas, diversas doenças como câncer e arteriosclerose.

A Professora Viviane administra as redes sociais do departamento de Microbiologia da UFMG e lá tem vários conteúdos informativos sobre o Coronavírus. Vale a pena conferir! Agradecemos ela e o biomédico João Oliveira por ter falado com o Voz das Comunidades sobre esse assunto tão importante. Se vocês tem mais alguma dúvida sobre imunidade: manda pra gente! 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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