O Ministério Público do Rio de Janeiro amanheceu na última quarta-feira (11) com faixas, cartazes e um único pedido: JUSTIÇA. Mães, familiares e ativistas que perderam jovens em operações policiais se reuniram na porta do Ministério Público em busca de respostas.
“Viemos aqui para cobrar e fazer uma denúncia também sobre os promotores que não querem fazer o trabalho deles. Desde o momento que eles trabalham nessa casa, ele tem que denunciar todos os casos que chega para ele. Ele não tem que estar escolhendo. Eu estou há 4 anos esperando uma justiça que, até agora nada”, desabafa Sonia Bonfim, que perdeu seu filho e seu marido durante uma operação policial em 2021 no Morro do Chapadão, zona norte do Rio.

Além da Sônia, diversas outras mães que tiveram seus filhos vítimas de atos policiais se uniram. Foi o caso da Jackeline Oliveira, mãe de Kathlen Romeu, que foi assassinada grávida durante uma operação no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. “Eles assassinam a gente diariamente. Cada um que vai embora é outro tiro de fuzil que a gente recebe, e basta, né? Não pode ser assim, porque eu sempre falo, se fosse a minha filha que tivesse assassinado um policial, ela já estaria presa 4 anos. Domingo passado fez 4 anos que a minha filha foi assassinada por esse estado genocida. É uma política pública de segurança voltada para exterminar a periferia, o povo negro, o favelado, como se o favelado não fosse gente”, desabafa Jackeline.
Priscila Menezes, mãe de Thiago Flausino, morto aos 13 anos na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, também esteve presente e explicou a dor de, mesmo depois da morte do filho, precisar inocentar um menino que sempre foi inocente. “Sem contar que eles ainda tentam incriminar os nossos filhos, porque eu venho numa luta, sabe? Porque tentaram marginalizar o meu filho. Eles mataram meu filho, executaram com três tiros de fuzil. E eu tenho que estar provando, reforçando que meu filho estudava, que meu filho tinha 90,95% de frequência escolar. Parece que é o meu filho que está sendo investigado. A gente só quer que os casos andem e justiça.”

Foto: Fabricio Souza / Voz das Comunidades

Foto: Fabricio Souza / Voz das Comunidades
Em nota, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da coordenação do Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV/MPRJ), informou que recebeu familiares de vítimas de violência de Estado que participaram de manifestação realizada em frente à sede da instituição, nesta quarta-feira (11/06). Durante o encontro, de acordo com o MPRJ, foram prestados atendimentos jurídicos e psicológicos aos parentes e fornecidas informações sobre os procedimentos investigatórios e os processos judiciais em curso.