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Educadora e influenciadora Pâmela Carvalho é vítima de racismo em loja no Centro do Rio

Vendedora de loja comparou cabelo de Pâmela a um leão; Educadora registrou um registro de ocorrência em delegacia de polícia online
Pamela_Carvalho
Imagem: Reprodução

A pesquisadora e influenciadora digital Pâmela Carvalho foi alvo de comentários racistas em uma loja no Centro do Rio de Janeiro. Ela gravou o momento em que a vendedora pergunta como que ela faz para lavar o cabelo e a compara a um leão.

Pamela contou à equipe do Voz das Comunidades que estava uma reunião de trabalho na Biblioteca Parque e tinha que comprar alguns itens para uma atividade. Ela foi até o Saara para comprar materiais e, por indicação, foi até a rua Gonçalves Ledo, conhecida na região como Beco do Tesouro. Quando entrou em uma das lojas, percebeu os comentários vindos da única vendedora que estava na loja. “Quando eu cheguei, ela já me olhou com cara de susto. Mesmo assim, entrei procurando pela viseira que eu precisava. Nesse momento que ela levantou e foi me seguindo por dentro da loja”.

Pâmela relata que estava com uma mochila nas costas e com o celular em uma das mãos. Enquanto procurava os itens que precisava na loja, a vendedora começou a falar do seu cabelo. “‘Nossa, seu cabelo é estranho!’, ‘Que cabelo é esse?’, ela comentou do meu nariz quando chegou mais perto. ‘Ih, seu nariz parece uma bolinha'”, contou Pâmela à reportagem. Um pouco depois, gravou o vídeo.

Pâmela detalhou como era a vendedora. “Ela é uma pessoa com mais de 50 anos. É uma mulher amarela, aparentemente não brasileira, vinda do continente asiático. Tive paciencia e, como educadora, tentei mediar e conversar. Assim fiz. Mas ainda assim ela continou com os comentários”. Após o registro do vídeo, Pâmela parou de gravar e falou direta com a vendedora, alertando-a sobre o que ela estava fazendo era errado e ameaçou chamar a polícia. A vendedora pediu desculpas pelo ocorrido. “Dessa vez não chamei a polícia porque estou na correria e porque acredito que as vezes o constrangimento funciona melhor do que me violentar falando com um agente não preparado pra esse tipo de situação como é o caso dos que costumam atender a região”, escreveu na publicação no Instagram. No boletim de ocorrencia, ela relata a identificação de um dos responsáveis pelo estabelecimento. “Na parede da loja havia um QR Code para pagamentos. Scaneei e os pagamentos feitos vão para a conta de Marcelo Lai Yong”

Pâmela Carvalho tem grande influência na luta antirracista

Pâmela Carvalho é comunicadora, produtora cultural, historiadora e pesquisadora de culturas negras. Moradora do Conjunto de Favelas da Maré, Pâmela é muito influente nas redes sociais e tem grande relevância para seguidores e seguidoras na luta antirracista. Questionada sobre como esse registrou impactou para aqueles que a seguem, Pamela comenta que as pessoas reconhecem que existe o racismo no Brasil, mas as pessoas não se colocam como racista. “Eu fiz esse registro para as pessoas verem que existe racismo no Brasil e que existem pessoas racistas. Que quando nós pessoas negras, falamos desse tipo de situação, a gente não tá louco, a gente não tá inventando. Isso existe todos os dias no nosso cotidiano.” Pamela relata a importancia de não descredibilizar pessoas que passaram por esse tipo de violência e revela que muitos seguidores se impressionaram com o registro. “O que eu aconselho a pessoas que passaram por isso é se acolher. Antes de revidar, chamar a polícia ou ir pra ir para as vias de fato, é se acolha. Entenda o que é melhor pra você. […] Se sinta, se perceba, se acolha. E, dentro do processo de auto acolhimento, se for possível, diga que o racismo existe, porque o Brasil precisa passar por um processo de reeducação. Posteriormente registre o caso.

O Brasil criou decretos e políticas de estímulo a imigração de povos do continente asiático. Porém chegando no Brasil, grande parte destes imigrantes se leu como branco. Não se percebendo como pessoas racializadas (amarelas) também. Assim, muitos acabam reproduzindo algumas posturas da branquitude, como a reprodução do racismo contra pessoas negras. Tivemos um caso que até cito no post, ocorrido em Copacabana, fora vários outros. É essencial que haja uma percepção que povos asiáticos são racializados e também sofrem racismo e seria importante se aliarem a gente nessa luta, ao invés de reproduzir racismo.

Pamela Carvalho

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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