A prisão de MC Poze do Rodo, 26 anos, ocorrida na madrugada desta quinta-feira (29) por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), provocou uma forte reação de familiares, artistas e parlamentares nas redes sociais. O funkeiro, um dos maiores nomes do gênero no Brasil, com mais de 15 milhões de seguidores nas redes, foi detido após a circulação de um vídeo gravado em um show na Cidade de Deus, zona oeste do Rio.
A companheira do artista, Viviane Noronha, de 20 anos, usou as redes para relatar a forma violenta e humilhante com que a operação aconteceu em sua casa. “Foi desumano e cruel. Nem a roupa eu pude trocar. Tiraram a esperança do preto favelado”, revelou. Mãe de três filhos com o cantor, Júlia, Miguel e Laura, ela também denunciou que foi impedida de segurar a filha no colo durante a abordagem.
A ação policial foi alvo de críticas de artistas como MC Cabelinho, que questionou a seletividade no tratamento dado à cultura da favela. “Quando interpretei um traficante na novela das nove, era arte. Quando um funkeiro relata a realidade, é apologia ao crime. Quem decide isso? Um juiz branco, racista, que não gosta de nós”, declarou.
MC Maneirinho também se manifestou com veemência: “ISSO É COVARDIA! Se for pra prender, prende geral. Prende os playboys também que vocês fingem não ver. Só covardia sempre. Tá na hora disso mudar”.
Já o rapper Oruam questionou a necessidade da abordagem e defendeu a trajetória de Poze como artista: “Algemaram o Poze, nem precisa disso. O cara é exemplo pra várias pessoas. Ele é cantor, canta em baile de favela. Não é envolvido com facção nenhuma. Maior covardia mesmo.”
A vereadora carioca Thaís Ferreira também criticou a operação, reforçando que a cultura periférica continua sendo alvo de ações violentas e racismo institucional. “É disso que se trata: opressão ao corpo preto, à arte da favela, à potência que incomoda”.
A ex-vereadora e ativista de direitos humanos Mônica Cunha também se indignou com a condução do caso: “É isso que o Estado reserva pra juventude negra e favelada: humilhação, criminalização e repressão. Isso é racismo. Isso é perseguição. E a gente vai seguir denunciando, resistindo e lutando.”