Texto: Gabi Coelho
Se você ainda não escutou o funk do garoto que paga açaí e coxinha pra uma mina no baile não sabe do que se trata essa matéria. Já brotou no baile do Tuiuti? Calma que vou deixar tudo bem explicado.
Renan Alves, jovem de 21 anos é o responsável por esse vídeo que rendeu mais de 55 mil visualizações no Youtube. Ele também gravou outros clipes com dezenas de crianças dançando e cantando funk. O projeto que leva seu nome artístico – Renan R10 – surgiu em agosto de 2018, quando o carioca decidiu reunir outros jovens da favela em que nasceu e foi criado para entreter as pessoas através da música, de paródias e trollagens.
Com bom humor e criatividade, Renan reparou no quanto os moradores do Tuiuti gostavam dos vídeos e decidiu envolver crianças e adolecentes apaixonados por funk para terem uma ocupação alto astral nos horários vagos. Dito e feito. Geral se jogou e atualmente cerca de 30 pessoas participam das gravações.
Devido aos funks proibidões, muitos responsáveis por crianças evitam que elas escutem o ritmo que faz a favela e o asfalto mexer o corpo inteiro. A pureza desses serumaninhos é algo lindo, na verdade eles se apaixonam pela batida, ainda mais quando se trata de 150BPM. Agora ninguém tem desculpa, Renan Alves brotou com funk light pra criançada curtir. Vai de Açaí até Capitão da Marvel da Favela. É uma mistura divertida.
Após a repercussão da música Calma que eu tô aqui, eu te pago uma coxinha e ainda te pago um açaí nas redes sociais, Renan conta “Quero mostrar o lado bom do funk infantil. Criei o clipe num momento de inspiração, pelo fato de eu gostar muito de açaí. Não imaginei que muitas pessoas fossem assistir, pois tudo não se passava de uma brincadeira com as crianças da minha comunidade.”
Para o que começou como brincadeira, as conversas entre Renan e os jovens vêm ganhando tom de profissionalismo a cada dia que passa. Eles têm compromisso com as gravações, ajudam nas ideias para novas músicas e novos clipes, muitos têm sonhos de seguir carreira como cantor e DJ, e o que Renan faz é simplesmente não deixar sonhos serem interrompidos pela violência e nem mesmo pela falta de autoconfiança dos jovens.
Além de incentivar os estudos, ele também levanta questões importantes dentro da favela, como o combate ao preconceito e faz com que os moradores se sintam orgulhosos do território em que vivem, provando que não é somente a notícia negativa que eles vêem todos os dias estampada no jornal.