Sete anos depois, mãe de Marcus Vinícius ainda segue em busca de Justiça

Adolescente foi morto em 20 de junho de 2018, aos 14 anos, quando ia para a escola no Complexo da Maré
Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (20), completaram-se sete anos sem respostas para a morte de Marcus Vinícius da Silva, adolescente de 14 anos, assassinado em 2018 enquanto ia para a escola no Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Sete anos depois, o caso segue sem solução, sem responsabilização dos autores e sem justiça para a família.

Na manhã de 20 de junho de 2018, Marcus vestia o uniforme do colégio, na Vila do Pinheiro, e seguia para a aula quando foi atingido por um tiro nas costas. Se estivesse vivo, o jovem teria 21 anos hoje. Testemunhas afirmaram que o disparo partiu de um carro blindado da CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), unidade de operações especiais da Polícia Civil do Rio. Mesmo assim, passado sete anos, nenhum agente foi responsabilizado.

De acordo com a família, o inquérito policial segue sob sigilo. Em 2023, a Justiça do Rio reconheceu o direito da família à indenização, mas o Estado recorreu da decisão. O Estado continua matando as nossas crianças, diz Bruna Silva, mãe de Marcus.

Bruna Silva durante uma reunião Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ela denuncia que a impunidade é um combustível para a continuidade da violência nas favelas. “Sete anos de impunidade, sem resposta nenhuma. Eu sigo buscando os nomes dos agentes públicos envolvidos naquela ação. Vejo o descaso no caso do meu filho e de tantos outros“, afirma.

Ela critica também a falta de atuação do Ministério Público e a conivência das instituições. Não existe diálogo. A Civil não vai investigar a própria Civil porque eles são coniventes. O MP é omisso. O Estado mata e o MP adoece nós, mães e familiares. Fizemos um ato na porta do MP e eles alegaram que faltam provas no caso do Marcus. Eu perguntei: como assim falta mais prova? Depois que mataram meu filho, voltaram aqui e mataram a testemunha do caso. E mesmo assim, nada é feito“, denuncia.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ela lembra que criou o filho longe da influência do crime, mas não conseguiu protegê-lo da violência policial. “Consegui blindar meu filho dos civis armados, mas não consegui blindar da covardia da segurança pública. O Estado já vinha matando há muito tempo, mas agora, com a permissão do STF, eles estão matando dobrado. O Estado mata, o governador Cláudio Castro autoriza, o MP omite, e o STF é o grande responsável por essas mortes“, dispara.

A reportagem procurou a Polícia Civil, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta sobre o andamento das investigações.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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