Foto: Reprodução/Instagram
Dentro dos impactos causados pela pandemia do Covid-19 no cotidiano de moradores de favelas do Rio de Janeiro, a vulnerabilidade social é um dos problemas mais vivenciados nos lares. Com o aumento nacional nos números de pessoas desempregadas, o coronavírus trouxe a incerteza em diversas áreas para as famílias desses territórios. Entre elas, a de estabilidade nas finanças e, consequentemente, o medo de não possuir um próximo momento de refeição.
Compreendendo essa incerteza na alimentação de milhares de moradores, a fundadora do Movimento Moleque e coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Mônica Cunha organizou, durante o período de 10 dias de medidas de restrições na cidade, a distribuição de “quentinhas” na favela do Cantagalo, Pavuna, Acari e nas ruas próximas dessas comunidades, atendendo desde famílias até trabalhadores de aplicativos que não possuíam dinheiro para refeições.
“A gente preparava as quentinhas lá na Tijuca e saía de carro com cerca de 150 unidades distribuindo pelas ruas. Uma comida boa, bem temperada e feita com atenção. Então, todas as tampinhas das quentinhas eram pintadas para promover essa interação de cuidado. Uma das sensações mais encantadoras que esse projeto colheu foi a oportunidade de olhar nos olhos dessas pessoas e lembrar a elas que cada um é um ser humano, que cada um é importante porque eles não estavam só com fome de comida, mas de afeto também, de Direitos Humanos de verdade”, explica Monica Cunha.

Foto: Reprodução/Instagram Mônica Cunha
Ao lado de sua amiga Viviane Nicolau, que atua há 14 anos na Comissão de Direitos Humanos como assessora e faz parte da rede de doações Marias com Amor, Mônica destaca que essa movimentação de duas mulheres, uma negra e uma não-branca, consegue transformar a sociedade no melhor estilo Angela Davis: movendo estruturas com ações coletivas.
“Quando uma mulher negra se movimenta, ela movimenta toda a sua estrutura, né? Aqui foram duas mulheres, uma negra e uma não-branca, que se movimentaram e moveram toda uma estrutura ao seu redor durante 10 dias distribuindo quentinhas para esse pessoal. Agora, com os alimentos que sobraram, pretendemos realizar a distribuição de cestas básicas e entregar para as mães do Movimento Moleque e para uma creche que também ajuda 27 familiares no Vidigal”, revela.