Batata, cenoura, beterraba e hortaliças. Esses alimentos costumam estar à disposição dos moradores de Manguinhos, Zona Norte do Rio. Isso porque, a região abriga a maior horta comunitária da América Latina. Mas no momento ela se encontra abandonada, com empregados sem uniforme adequado e sem materiais de trabalho.
A horta foi criada em 2013 e integra o programa Hortas Cariocas, desenvolvido e criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O terreno conta com uma área equivalente a quatro campos de futebol e atualmente emprega 26 hortelãos, incluindo homens e mulheres de diversas idades, todos moradores de Manguinhos. O espaço, que já abrigou uma Cracolândia, há mais de 10 anos, é utilizado para produzir alimentos livres de agrotóxicos que abastecem cerca de 800 famílias da região. O projeto, além de gerar empregos, possibilitou o acesso a alimentos saudáveis a preço acessível e muitas das vezes até mesmo doados. Mas o que antes parecia um sonho para as famílias daquele território, se tornou mais uma promessa abandonada.

Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades
“A Prefeitura diz que temos a maior horta da América Latina, mas isso não é verdade. Para ser a maior horta, ela tem que funcionar e isso não está acontecendo. Temos metade de uma horta ativada e uma outra completamente desativada e abandonada pela prefeitura”, conta Aline Rodrigues, presidente da Associação de Moradores do território.
Aldilene Flausino, encarregada do projeto, conta que chegou há dois anos na Horta e desde então a equipe só recebeu uniformes uma vez e que, no momento, os empregados trabalham sem nenhuma condição apropriada. “Não temos luvas, botas, sementes… O material é totalmente precário. Já tivemos funcionários que pegaram doença por conta da falta de proteção.”
A última vez que a horta passou por uma revitalização foi em 2023, quando a vereadora Tainá de Paula fez uma visita ao local e ofereceu uma limpeza. Desde então, a maior horta da américa latina se encontra cheia de mato, em meio ao lixo, sendo por vezes confundida por um terreno abandonado. “Nós, os funcionários, que limpamos o local com nossas próprias mãos, sem material, para conseguir trabalhar com o mínimo”, explica Aldilene.
Criado em 2006, o programa Hortas Cariocas usa terrenos ociosos e abandonados para incentivar o plantio orgânico de alimentos. A prefeitura capacita moradores que vivem ao redor do local escolhido, que geralmente são áreas de vulnerabilidade social e oferecem, além do auxílio financeiro, sementes, ferramentas, equipamentos em geral e fertilizantes orgânicos. Sem uso de agrotóxicos, os produtores são orientados a aplicarem práticas agroecológicas de recuperação do solo e prevenção de pragas.

A equipe do Voz das Comunidades entrou em contato com a Secretaria de Conservação da Prefeitura do Rio e até o fechamento desta edição não obteve resposta.