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Moradores da Rocinha estão há mais de 7 dias sem abastecimento de água

Parte baixa da favela está sem abastecimento há sete dias
Rocinha sem água. Foto: Reprodução
Rocinha sem água. Foto: Reprodução

Texto: Matheus Andrade, Gracilene Firmino e Melissa Cannabrava

Moradores da Rocinha, zona sul do Rio, vem enfrentando graves problemas com falta d’água neste mês de julho e alguns já estão há mais de 7 dias sem abastecimento. A privação começa na parte alta da favela, mas tem se agravado e agora moradores da parte baixa da comunidade também estão sofrendo com a escassez.

Em localidades como Cachopa, Dionéia e Rua 1, na parte alta da favela, a falta de água foi ocasionada devido à quebra de um registro no Portão Vermelho. O problema foi encontrado e solucionado, com a troca do equipamento, na semana passada, após mais de 15 dias sem água. Porém, na mesma semana que foi solucionado o registro, iniciou-se a falta de abastecimento de água na parte baixa da Rocinha. 

Na manhã do último sábado (18), agentes da Cedae estiveram no local e abriram um buraco na Travessa Mesopotâmia, que fica na Via Ápia, uma das vias principais da favela, onde identificaram um problema. Os moradores foram informados que a falta de água seria resolvida ainda naquele dia, o que não aconteceu. 

Moradores de localidades como Valão, Raiz e Roupa Suja – na parte baixa da Rocinha -, somam hoje sete dias sem água em suas casas. Thays Ferreira de 32 anos, é uma das centenas de pessoas que moram na região e falou sobre a atual situação. “Só estamos procurando informações, queremos um posicionamento da Cedae, o que eles estão fazendo, que pelo menos digam se volta hoje ou amanhã, se estão consertando”.

Thais tem que subir 4 lances de becos com escada para buscar água em um ponto favela. Foto; reprodução

Assim como Thais, Maria das Graças Terto, de 51 anos, está tendo de buscar água em bicas da comunidade. “Hoje acordei cinco e meia da manhã para conseguir pegar alguns baldes de água. É difícil para fazer comida e manter a casa limpa. Sem contar nossa higiene pessoal. Em meio a pandemia, como lavar as mãos e tomar banho quando voltamos da rua sem água? Não dá para ficar assim”. 

Caminhões pipa da Cedae estiveram no local nos últimos dias para tentar amenizar a situação dos moradores. Foto: reprodução

Nesta terça-feira (21) os agentes da Cedae foram novamente na favela, juntos com a associação de moradores, com a intenção de encontrar e solucionar a falta de abastecimento. O grupo trabalhou próximo a Igreja Universal do Reino de Deus, na parte baixa da favela, onde, segundo eles, foi encontrado um novo problema. 

Moradora desabafa nas redes sociais

A moradora da comunidade da Rocinha, Isabela Santana, diz que já ficou mais de 2 semanas sem água e pede mais atenção para os moradores da parte alta da comunidade.

“Vim falar sobre um problema que afeta não só a minha comunidade como afeta a maioria das comunidades do Rio de janeiro. A falta d’água. Um problema que o morador de favela já convive há bastante tempo. Eu por exemplo passei uma semana sem água na minha torneira, tendo que fazer milagres para eu e minha família tomar banho. Joguei roupas da minha filha fora porque mofou, fiquei sem água para cozinhar e para beber, tudo isso em tempos de pandemia em que a água tem sido aliada para evitar a contaminação. Isso só reforça que a falta de respeito com o favelado, que só aumenta.

Isabela Santana é moradora da Rocinha. Foto: Reprodução

Mesmo antes da pandemia a gente já sofria com a violência da desigualdade, acesso a água e outros direito básicos nunca foram garantidos para o morador de comunidade. Poupamos água não só apenas pela questão ambiental, mas por necessidades, porque a gente sabe que se tem água hoje, só terá novamente daqui uma semana. Falo pela minha comunidade que a gente merece mais, merecemos saneamento básico, porque é simplesmente um direito mínimo e precisamos para sobreviver.

Eu duvido que o prefeito passa por esgoto aberto, ou quando tem chuvas ele enfrenta alagamentos dentro da sua casa. Por fim, quero ter esperança que minha filha e futuramente meus netos tenham uma Rocinha diferente, com seus direitos e deveres garantidos”.

Em nota, a Cedae informou que seus técnicos “estão atuando no local para identificar vazamento encoberto e realizar reparo”. Disse ainda que “a Companhia está realizando o abastecimento por meio de carros-pipa”.
Através de uma postagem no Facebook da Associação de Moradores da Rocinha, o presidente, Wallace Pereira, estava no local e manifestou expectativa de solucionar o problema ainda no dia de hoje mas não deu certeza, dizendo que o problema ainda pode persistir por mais dois ou três dias.   

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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