Mc Martina lança campanha de financiamento para produção de segundo livro; saiba como ajudar

Cria da Pedra do Sapo, Martina é co-fundadora do Slam Laje e poetisa
Entre o Banzo e a Bala fala sobre saúde mental de pessoas negras. Foto: Mêrcez | Retina do teu olhar

“Anota o que eu digo: mesmo sem teu incentivo ainda vou lançar meu livro”, esse é um trecho de uma das poesias do livro “Nunca foi sorte, sempre foi poesia”, o primeiro publicado de Mc Martina. Aos 27 anos, ela é mestre de cerimônia, produtora e poeta, mas acima de tudo, artista. Três anos se passaram desde o lançamento de sua primeira e agora é hora de oferecer novas poesias ao mundo. E para isso, Martina criou uma campanha de financiamento coletivo para produção e lançamento de seu novo livro: Entre o banzo e a bala.

A nova publicação pretende abordar sobre a saúde mental e as formas que as heranças do período colonial continua afetando a vivência da população negra. A palavra banzo se refere ao sentimento de tristeza e melancolia que pessoas escravizadas sentiam por estar longe de sua terra natal. Em seu novo livro, MC Martina relaciona essa saudade enraizada às violências que atravessam o corpo negro e favelado.

“O livro fala sobre saúde mental principalmente. E aí eu falo que atravessa o meu corpo que é desde pegar uma operação, passar por uma situação de violência do Estado ou outras formas de racismo. Mas principalmente do meu psicológico ou de coisas com observo de pessoas pretas da mesma geração que eu ou da rua, ou do convívio. Porque tá todo mundo adoecido, só que parece que a gente, pessoas pretas, não pode falar sobre adoecimento. A gente só pode falar de racismo ou de violência. Parece que a gente não tem esse direito de falar sobre sentimento, tá ligado? E até você conseguir se entender e se observar se entender leva tempo para caraca”, explica Martina.

Há anos, Mc Martina se movimenta pela cultura nas favelas. Foto: Mêrcez

Martina vive tudo aquilo que escreve. O corre de artista independente não é fácil, sobretudo para uma jovem negra. Desde o inicio de fevereiro, ela disponibilizou uma vaquinha para receber apoio financeiro para produção do material. As poesias já estão escritas e organizadas. Só faltam bater algumas metas para colocar na rua. A primeira delas é de R$ 7.500 já foi batida, ou seja, os custos da produção inicial já estão garantidos.

Agora o objetivo é alcançar o valor de R$ 11.000 para arcar com os valores de impressão e distribuição do livro. Após isso, tem a última fase da campanha que visa arrecadar R$ 15.000 para um evento de lançamento na cidade do Rio com muito amor e poesia.

Há anos, Mc Martina se movimenta pela cultura nas favelas. Além de ser escritora, ela é co-fundadora do Slam Laje, a primeira batalha de poesia do Complexo do Alemão. O livro “Entre o banzo e a bala” é dividido em quatro capítulos. Um deles é especificamente sobre racismo ambiental. Essa questão também é um capitulo da história de vida de Martina, que foi removida da Pedra do Sapo há anos atrás. Para ela, observar e questionar a ausência de direitos básicos também é uma função do poeta.

“Esse capítulo fala sobre deslizamento, falta de coleta de lixo, falta de luz. Tem muitas pessoas falando sobre sobre racismo climático e é fundamental. Mas eu queria botar com a poesia para dar esse recorte e de certa forma inovar, sabe? O papel do poeta na sociedade é registrar, questionar o que está acontecendo. Às vezes a tristeza é falta de um abraço, falta de comida, afeto, teto. Eu digo que você sobrevive. Poucas pessoas vivem. Eu estou aprendendo a viver agora,tá ligado? Você só vive em função de sobreviver, de conseguir pagar o aluguel, de comer, de beber, de pagar conta. Isso é uma forma de escravização também”, conta Martina.

Tanto em “Nunca foi sorte, sempre foi poesia” quanto em “Entre o Banzo e a Bala”, a autora prioriza ilustrações e cores vibrantes para atrair também o público infantil. A nova obra contará com ilustrações de Kath Xapi Puri, Lilhã, DABG, Zayre Kaus e Da Penha.

A campanha de financiamento coletivo ainda está disponível. Fortaleça a escrita negra e favelada originada do Complexo do Alemão!

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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