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Mais de 50 famílias perderam tudo durante temporal na Vila Kennedy

Dezenas de famílias ainda estão abrigadas em igrejas e na casas de parentes e amigos

A situação é grave em Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, onde mais de 50 famílias perderam tudo por conta da enchente que atinge a comunidade. Uma forte chuva que iniciou na região durante a madrugada de sexta para sábado e tem deixado muitas casas inundadas. Metral, Congo, Cirp e Quiabo são os locais com a situação mais crítica.

Uma mobilização acontece junto à sede da Associação da Vila Progresso, que se tornou um dos principais polos de recolhimento de doações e ponto de encontro para pessoas que buscam assistência. Através das redes sociais, a página Voz da Vila Kennedy publicou diversas imagens do desastre, onde é possível ver as casas tomadas por lixo e lama. Dezenas de famílias ainda estão abrigadas em igrejas e na casas de parentes e amigos.

Aroldo foi um dos voluntários durante a enchente e conta que ontem viu uma das cenas mais impactantes de toda sua vida. “Foi algo bem difícil de se ver. Pessoas de idade, cadeirantes… Socorri um cadeirante com 2 meses de operado enquanto uma senhora de idade era carregada nas costas de outro parceiro nosso. Muitos moradores em choque, não querendo sair das casas. Cobra e outros bichos andando por todo lado. Nossa preocupação era com a rede elétrica”. Junto com uma equipe, Aroldo fez o mapeamento das casas que tiveram perda total e contou que cerca de 70 crianças ficaram desabrigadas durante o fim de semana.

Na tarde de hoje, Aroldo reencontrou José Ivo de Araújo, senhor que resgatou durante a enchente. Foto: Voz da Vila Kennedy

A Defesa Civil já foi acionada e Dona Sheila, presidente da associação de moradores, junto com voluntários, montou quentinhas que foram distribuídas na tarde de hoje. “Separamos roupas e estamos levando alimento até eles. Fizemos janta e o pessoal em torno está ajudando. Vamos montar cestas básicas também. Muita gente perdeu fogão, geladeira, televisão… A gente não tem ajuda do governo. Estamos tentando ajudar da melhor maneiro possível’

Quentinhas foram doadas nas áreas mais castigadas pela chuva. Foto: Voz da Vila Kennedy

Monique é mora há 10 anos na comunidade do Quiabo e conta que todo ano passa pela mesma situação. “Estava ajudando a casa da vizinha e minha filha ligou avisando que a nossa casa tava alagando. Perdi tudo, menos minha saúde e minha vida. No quiabo todo ano é a mesma coisa. Perdi todas as roupas da minha neném e vim buscar coberta para as minhas crianças dormirem. Todo ano é assim. A gente compra, ganha e perde. Só sabe quem passa!”.

Monique buscou abrigo na associação de moradores. Foto: Reprodução Voz da Vila Kennedy

Paulo acabou de se mudar para Vila Kennedy e disse surpreso com a situação e já pensa em buscar outro lugar para morar. “A água tomou tudo. Perdi a maioria das minhas coisas. Perdi sofá, cama, geladeira, foi tudo embora. A água chegou ficou na altura do meu joelho. Agora deu uma abaixada, mas como fica até a próxima chuva? Vou passar mais um tempo e já vou procurar um lugar novo para morar”

A cidade do Rio permanece em estado de alerta e a previsão do tempo é de chuva, com temperatura mínima de 18 e máxima de 26 e a estimativa aproximada para os próximos dias também é de chuva.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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