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Iniciativa na Vila Aliança busca recursos para construir sede para Embaixada das Favelas; saiba como ajudar

À frente do projeto, Binho Cultura pretende impulsionar oportunidades, gerar intercâmbios, ajudar ações sociais, que vão beneficiar a comunidade
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Construir pontes. Esse é um dos objetivos de George Cleber Alves, mais conhecido como Binho Cultura. Ele é escritor, cientista social, produtor, empreendedor social e, agora, está envolvido em um novo propósito: a construção da Embaixada das Favelas.

O espaço, que terá sede na Vila Aliança, Zona Oeste do Rio, será um coworking (trabalho colaborativo). O local vai receber cursos, estimular a criação de startups, desenvolver projetos e, acima de tudo, pretende ser um local de acolhimento para quem vive na região.

A Embaixada das Favelas está sendo feita com o dinheiro de uma “vaquinha” online e o objetivo de Binho é arrecadar 35 mil reais. O carinho com local não surgiu recentemente. Pois, ali já foi um campo de futebol construído pelo pai do líder comunitário. Atualmente, a vaquinha já arrecadou cerca de 7 mil reais e o dinheiro foi utilizado nas primeiras etapas da obra. Com isso, o embaixador arregaçou as mangas e revela que está fazendo tudo com as próprias mãos. Toda a verba conseguida, segundo ele, é para a compra do material. Já a segunda etapa da obra está prevista para começar em maio.

“Hoje a embaixada é toda obra. Por isso que eu falo: ‘faça parte dessa construção’! Hoje até o chaveiro daqui é um tijolinho. Tudo remete a uma construção, mas ela é uma construção física, afetiva, mas também é uma construção simbólica, de transformar o lugar que é marcado pela violência e essa violência esconde as potências que existem dentro dela”.

O terreno também abrigou uma escola municipal fechada por causa dos conflitos entre policiais e traficantes. “Foi desativada por conta de uma operação que acabou com 16 mortos em 2007”, afirma o líder. Mas se antes a situação ficou insustentável para manter a educação, agora a Embaixada das Favelas tem apoio da Prefeitura e Governo do Estado. Ele acredita que é fundamental o diálogo com o Poder Público para melhorar as condições das comunidades. “Nós estamos mobilizando o poder público para poder revitalizar essa área que é uma área estratégica. Ela fica na fronteira entre Vila Aliança e Senador Camará”, afirma o escritor. 

Binho também revela que o local vai cobrar apenas um valor social e os cursos oferecidos para a comunidade vão ser variados: haverá desde preparatórios para concursos até o de gastronomia: o “Master Chefe Favela’. Além disso, a cozinha vai receber o projeto do pão social, que alimentará famílias vulneráveis da região. Quem for estudante da Embaixada, e visa atuar como padeiro, pizzaiolo ou confeiteiro, terá renda com a venda dos pães.

Vamos fazer aqui o projeto da cozinha. O projeto do pão social, que a gente vai ensinar padeiro, confeiteiro, pizzaiolo. Com o pão, nós vamos cadastrar, em parceria com o Cras, as pessoas em situação de miserabilidade, que têm muitos filhos. O pão aqui custa 3 por 1 real. A família que tem 5 pessoas pra cima, ela já fica em situação de insegurança alimentar. A ideia é que essas famílias tenham um cadastro e tenham 10 pães por 1 real, por exemplo. E aí todo mundo vai ter direito de tomar o seu café”, explica Binho. 

Os Embaixadores

“Você é um embaixador da favela”. Essa é uma frase que o empreendedor social sempre ouviu das pessoas com quem convivia. Segundo Binho, era muito comum ouvir que ele representava a favela, pois percorria diversas comunidades. “E eu já tinha na minha trajetória, um hábito de ir em todas as favelas, independente de facção. Eu sempre falei que a minha facção é a cultura”, relata. 

A ideia da Embaixada surgiu após uma experiência em Nova Iorque, para onde foi levado pelo coordenador da CUFA, Celso Athayde. “A ideia da embaixada vem depois da experiência que eu tive em 2015, com a CUFA. A gente participou da semana global da CUFA, lá nos Estados Unidos, e lá visitamos a ONU”. 

A biblioteca comunitária receberá jovens que cumprem medidas socioeducativas
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Com isso, surgiu o desejo de ter embaixadores dentro e fora do Brasil. Essas pessoas, segundo o produtor, servirão de referência para outras que podem achar dificuldades em conquistar uma melhor qualidade de vida e alcançar objetivos. Para ele, o conhecimento não tem fronteiras e o foco deve ser no estudo e nas oportunidades. “A ideia é que a gente tenha esses embaixadores e embaixadoras nas favela dentro e fora do Brasil, que sejam pessoas que realizaram seus sonhos e que tenha conexão com os que estão aqui. Botar na prática. Ninguém larga a mão de ninguém”, diz. 

Binho revela também que está em negociação com o Consulado Americano e com o representante da América Latina do governo da Nigéria. Com o país africano, a intenção de fazer um tratado de cooperação. Assim, Binho quer que a Vila Aliança se transforme em uma pequena África. 

Saiba como ajudar a Embaixada das Favelas, clicando no link a seguir: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/faca-parte-dessa-construcao

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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