Estado do Rio é condenado a indenizar filhos de homem morto na Chacina do Jacarezinho

Vítima da chacina do Jacarezinho de 2021 foi baleada ao sair para comprar pão; juíza determinou pagamento de pensão e danos morais à família
Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo
Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo

O Estado do Rio de Janeiro foi condenado a pagar indenização por danos morais e pensão vitalícia aos filhos menores de um ajudante de pedreiro morto durante a Chacina do Jacarezinho, em maio de 2021. A ação policial, considerada a mais letal da história do estado, terminou com 28 mortos e gerou grande repercussão.

A sentença foi assinada pela juíza Mirela Erbisti, substituta na 4ª Vara de Fazenda Pública, que reconheceu que não houve qualquer comprovação de que a vítima estivesse envolvida em confronto com os agentes. Segundo o processo, o homem havia saído de casa apenas para comprar pão, quando foi atingido por disparos e morreu no local, deixando esposa e dois filhos pequenos.

Relembre:

A magistrada também destacou a forma humilhante como os corpos foram tratados, com relatos de que vítimas foram arrastadas pelas ruas com a ajuda de moradores e empilhadas em blindados da polícia. A cena, segundo o processo, causou forte abalo emocional na família e na comunidade.

Para o advogado João Tancredo, que representa a família, a condenação do Estado é um marco simbólico contra a banalização da violência nas favelas. “Tendo como rotina a morte, as famílias de vítimas da ação policial sofrem ainda com a criminalização de seus familiares. A condenação do Estado é fundamental, pois tem a finalidade de mostrar que não é pela barbárie que chegaremos à paz”, afirmou.

A decisão representa um avanço na responsabilização do poder público por mortes em ações policiais e reforça a urgência de se repensar o modelo de segurança nas periferias do Rio.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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