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Deise e Paula: a história de amizade do anjo que caiu da escada

Deise aproveitou toda a repercussão do vídeo e iniciou uma campanha que comoveu muita gente, arrecadando mais de R$ 60 mil para ajudar a Paula

Viralizou no último fim de semana nas redes sociais, o vídeo da Deise de Oliveira, 21 anos, estudante de contabilidade, moradora da Rua 2, na Alvorada, comunidade do Complexo do Alemão. Deise estava chegando em casa após um show do grupo Di propósito, na Fazendinha e ao tentar se escorar, numa visão turva de uma parede que na verdade era o portão, caiu de escada abaixo na casa da Dona Paula.

“Eu não vi a porta, pensei que era uma parede enorme, e quando dei por mim já estava rolando. Dei de cara na sala da senhora. Levantei e pedi desculpas. Não me machuquei, não tive nenhum arranhão, sai da casa da Dona Paula e fui beber mais um pouco.”

Deise relembra da cena que marcou sua vida. Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Tudo foi filmado por uma amiga (que durante a gravação ainda pergunta “não chega de beber não, Deise?”) e postado pela própria Deise na rede social. Veja as imagens:

O tombo foi feio, muito engraçado pelas circunstâncias e contou com a narração da própria Deise que não sofreu nenhum arranhão.

No mesmo dia, o vídeo foi repostado por diversos famosos e a moça ganhou visibilidade nacional e milhares de seguidores no Instagram, onde atualmente soma mais de 470 mil fãs. O famoso vídeo recebeu o nome de “Deise do tombo”, mas a moça só se deu conta disso mais tarde. “A ficha caiu. Eu não estava entendendo nada! Cheguei no domingo em casa, fui dormir e já acordei com minha mãe e minha madrinha falando no meu ouvido. Quando fui ver tinha muitas ligações e vários famoso compartilhando meu vídeo.”

O sucesso da moça foi tão grande que artistas como Hugo Gloss e Ivete Sangalo repostaram seu vídeo. “Eu nem acreditei quando recebi uma chamada de vídeo do Luciano Huck!”

Deise afirma que só hoje a ficha finalmente caiu/ Créditos: Vilma Ribeiro

O que era apenas uma piada tornou-se uma ação de solidariedade:

Mas e a Paula? Paula, dona de casa moradora da Fazendinha, outra localidade do Complexo do Alemão, conta que se assustou quando ouviu o barulho dentro da sua casa. “Eu estava tomando banho. Sai de toalha para ver o que estava acontecendo. Até pensei que era meu neto e quando fui ver era a Deise caída na sala.”

Deise aproveitou toda a repercussão do vídeo e iniciou uma campanha que moveu o coração de todos: “Eu sou a Deise “do tombo” e essa é a Paula (a moça que eu caí na casa dela) depois que minha mãe me acordou da soneca da ressaca, ela mandou eu ir pedir desculpas, e eu fui na casa da Paula pedir desculpa e ela me disse que sofre de câncer no reto, pedi um amigo de confiança para fazer a vaquinha online. Eu sou do Complexo do Alemão, rua 2 na Alvorada e quem quiser entregar alimentos, frutas, legumes, fraudas (TAMANHO M) pode está entrando em contato comigo que eu irei buscar. Deus sabe de todas as coisas e eu creio que esse tombo na casa dela não foi em vão, Deus faz tudo certo no tempo dele.

A vaquinha online já bateu a meta e Deise tirou do ar, mas ela afirma que quem quiser pode continuar ajudando. A estudante afirma que nada é por acaso. “Eu estava desempregada, agora eu não tenho tempo para respirar, a Paula estava precisando e vamos ajudar. Eu creio que foi Deus agindo, porque ele age como ele quer. Usa uma pessoa que está bêbada para abençoar quem precisa”.

“Eu fiquei admirada, porque fiquei sabendo da vaquinha só depois, e depois que a ficha caiu, eu fiquei encantada com essa atitude linda, Deus faz coisas que ninguém entende, Ele complica, descomplica, e depois mostra que Ele é Deus. Para tudo tem um proposito.” afirma Paula

As duas estão aproveitando o momento de fama e vão tentar realizar seus sonhos. Deise conta que seu maior sonho é aumentar e reformar seu quarto e para Paula, é morar na parte baixa da favela para conseguir fazer seu tratamento, já que ela mora na parte alta e tem muita dificuldade de descer a favela.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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