Conheça o Vidigaia: Projeto sustentável que promove oportunidades no ecoturismo e enfrentamento à violência de gênero

O Vidigaia promove saraus e colônias de férias para a criançada do morro e muito mais
Hostel Casa Solar onde funciona o projeto social Vidigaia. Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

O Vidigaia é um projeto voltado para o empoderamento de mulheres caiçaras, capacitando-as para atuarem no ecoturismo e enfrentarem a violência de gênero. Criado com foco na sustentabilidade, o espaço conta com estrutura de bambu, banheiro seco e é totalmente gerido por mulheres.

A iniciativa foi idealizada por Helena Magnan Coelho, de 29 anos, compositora, cantora e formada em Direitos Humanos e Imigração na França. Durante seus estudos, ela também aprendeu árabe e outros idiomas, ampliando sua visão multicultural.

Após retornar ao Brasil, Helena e sua irmã, Thaïs Magnan Coelho, ambas franco-brasileiras, passaram um ano vivendo na Ilha Grande, em Angra dos Reis. Foi nesse período que a ideia do Vidigaia tomou forma.

“Eu queria um espaço sustentável, com banheiro seco, estrutura de bambu e gerido por mulheres”, explica Helena, destacando que o projeto não é apenas um centro de turismo ecológico, mas também um ambiente de transformação social e fortalecimento comunitário.

Helena Magnan, uma das fundadoras do Vidigaia e também, administradora do Casa Solar Hostel. Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

Vidigaia

O nome “Vidigaia” combina o território ao conceito de “Gaia”, termo grego que remete ao feminino e à Terra como fonte de vida. A partir dessa visão de coletividade, feminilidade e conscientização climática, o Vidigaia foi se estruturando, priorizando o voluntariado e acolhendo artistas e produtores culturais. O projeto também promove uma troca constante de saberes artísticos e científicos com os moradores locais, aproximando o Vidigal ao espaço que se localiza no alto do Morro, no Casa Solar Hostel.

Com o incentivo de sua namorada, Janaína Ramos, Helena deu início à primeira ação comunitária: uma colônia de férias gratuita para crianças do Vidigal. As atividades, realizadas no terceiro andar do hostel, incluem brincadeiras, oficinas de pintura, aulas de violão, reforço escolar, além de refeições e passeios em museus e parques. Em apenas um ano, o projeto já atendeu cerca de 60 crianças e adolescentes em diferentes turnos.

Nos fundos do hostel, há uma horta formada por objetos reutilizáveis que viram vasos de plantas, onde voluntários cultivam verduras e legumes. O espaço também é oferecido gratuitamente para filmagens de curtas e clipes de artistas periféricos que buscam oportunidades no mercado. “A gente se inscreveu no Atados, uma plataforma que nos apoia muito com logística para iniciativas sociais”, comenta Helena.

Em 2025, o Vidigaia será fortalecido pelo prêmio Cidadania na Periferia, que financiará mais edições da colônia de férias com foco em arte e educação. Além disso, o projeto organiza saraus para promover arte e cultura, oferecendo oportunidades tanto para artistas iniciantes quanto para consolidados. As apresentações são gratuitas para moradores e têm um custo acessível para visitantes.

“Queremos inspirar como outros espaços culturais, como o Brota Vidigal e Nós do Morro, focando nas crianças, suas mães e na música como ferramenta de libertação e transformação”, afirma Helena. “Tivemos uma educação de qualidade e tentamos trazer isso para as crianças daqui”, conclui Helena, destacando o impacto transformador do projeto na comunidade. Apesar das dificuldades, como a falta de experiência em gestão hoteleira e os desafios de atuar em uma favela, Helena permanece comprometida com a missão do Vidigaia.

Casa Solar Hostel

Inicialmente, o espaço era uma pousada abandonada, com infiltrações e uma estrutura precária. Com muito esforço, o hostel foi reformado, começou a atrair visitantes e a quitar as dívidas da compra da propriedade. Localizado no alto do Morro do Vidigal, na Rua 25 de Dezembro, o espaço também disponibiliza sua laje gratuitamente para eventos socioculturais voltados aos moradores.

Dividido em 3 andares, com opções de seis quartos privados e toda uma adaptação de casa, recebem visitantes do mundo todo que querem conhecer o dia a dia da favela. O hostel também adota políticas inclusivas nos preços, oferecendo tarifas diferenciadas para mochileiros brasileiros e latino-americanos em comparação aos turistas europeus e americanos.

Enquanto Thaïs assume a parte comercial, principalmente em épocas de altas temporadas como verão, férias escolares, natal e ano novo. Helena lidera as ações sociais em colaboração com sua namorada. O terceiro andar do hostel está sendo adaptado para receber turistas interessados nas trilhas do Vidigal, fortalecendo o compromisso com a sustentabilidade e a comunidade local.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
[glt language="Portuguese" label="" image="yes" text="yes" image_size="24"] [glt language="Spanish" label="" image="yes" text="yes" image_size="24"] [glt language="English" label="" image="yes" text="yes" image_size="24"]

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]