Quem nunca foi embalado com o famoso “Se quiser falar de amor, fale com o Marcinho“? Pensando em contar histórias cotidianas de amor entre pessoas pretas, destacando temas centrais como quilombo, empoderamento e emancipação, “Se quiser falar de amor” é um musical que chega revisitando os clássicos doo Funk Melody e outros ritmos populares que arcaram os anos 90 nas periferias do Brasil. O musical também homenageia os precursores do Funk Melody, MC Marcinho e MC Cacau.
Com estreia marcada para o dia 6 de agosto, uma terça-feira às 14h, o musical será apresentado também na quarta-feira (07) às 14h e de quinta a domingo, às 19h até o dia 11. Todas as sessões possui tradução em libras e os ingressos são gratuitos e adquiridos na hora. As apresentações acontecerão no Museu da Maré, que fica na Av. Guilherme Maxwel, 26 – Maré, e especialmente nos dias 6 e 7, às 14h, serão realizadas apresentações com áudio descrição.
Idealizado por Dani Câmara e Rei Black, que também integram o elenco, com direção de Rodrigo França e realizado pela produtora Corpa Negrura, o espetáculo conta com direção musical de Dani Nega e a montagem traz à tona memórias afetivas através de diferentes personagens, explorando as inúmeras formas de amar. Cada cena é um convite ao público para aprofundar-se em diálogos sobre o afeto entre corpos que resistem ao racismo, oferecendo uma reflexão tocante sobre amor e resistência, a partir de narrativas que não gerem gatilhos.
O musical ainda reforça a importância dos precursores do Funk Melody, MC Marcinho e MC Cacau na trilha sonora, como destaca o diretor Rodrigo França. “O funk melody, com sua batida envolvente e letras românticas, é uma poderosa ferramenta para contar histórias de amor, especialmente no contexto das favelas. Inserir músicas de MC Marcinho e MC Cacau não só adiciona autenticidade, mas também conecta o público à realidade cotidiana dessas comunidades”, ressalta.
Rodrigo também enfatiza a importância de falar sobre o amor de maneira potente e íntima: “Falar sobre o amor desta forma, em um espetáculo musical que aborda a favela, é crucial, pois humaniza e valoriza as vivências das comunidades marginalizadas, especialmente a comunidade preta. Esse enfoque permite mostrar que, apesar das adversidades, há beleza, afeto e complexidade nas relações interpessoais”, ele evidencia.
Levantando reflexões políticas e sociais sobre o empoderamento e a identidade preta, Dani Câmara ressalta a importância de representar histórias de amor preto. “Segundo Bell Hooks, o amor é uma ação. E nossa ação como artistas e profissionais de teatro é dilatar e evoluir o imaginário social sobre o negro, na busca de uma arte popular que aproxime corpos diversos para além da experiência hegemônica contemporânea nas artes. Eu desejo um cenário cultural onde pessoas pretas, faveladas e periféricas possam se reconhecer, se inspirar e amar”, destaca.
O espetáculo “Se Quiser Falar de Amor” é realizado por meio de um edital da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Além das seis apresentações no Museu da Maré, durante os dias em que o espetáculo estará em cartaz, será produzido um mini documentário sobre todo o processo criativo e de produção. A estreia do documentário está prevista para o dia 30 de agosto.