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OPINIÃO | Ser bom também devia ser proibido

A bondade é extremamente perigosa, subversiva, comunista. Ela ameaça os poderosos, os governantes, pois esses devem ser duros em suas ações a fim de que a ordem e a lei prevaleçam

Texto: José Aerton
Ilustração: reprodução

Ao pensar no texto da professora Guiomar de Grammon “Ler devia ser proibido”, eu diria que ser bom também devia ser proibido. A bondade faz muito mal às pessoas, faz com que elas larguem interesses pessoais e se dediquem a cuidar de outros que jamais viram. Definitivamente não faz bem, torna o homem sensível demais. Faz com que não mais seja visto como forte, isso por que no mundo dos machos a força bruta é essencial, deve guiar os ditames de sua consciência.

Uma criança boa pode ser boba demais, enganada por outros coleguinhas, na escola, por ser incapaz de ver o mal que todo mundo traz consigo. Sem a bondade todos nós seríamos mais capazes de nos defender das maldades do mundo, sem a bondade não perderíamos tanto tempo em causas inúteis de ajuda humanitária e que não levam à humanidade ao céu nem resolvem os problemas dos mais necessitados. Sem pensar em ser bom, o ser humano sentiria menos culpa, sofreria menos com os problemas alheios, assim se livrando de algum grau de depressão e angústia, itens tão nocivos à saúde humana. Na verdade, todo mundo sabe da necessidade de cada um cuidar de si próprio, aliás, aí está a varinha de condão, a mágica de Merlin. É dado ao homem o poder de competir, de chegar aonde quer que ele deseje, ainda que viva nas condições mais adversas, basta querer. Assim, quem não se esforça, não consegue e joga a responsabilidade sobre os de bom coração. Portanto, sem a bondade desses, não haveria alternativa a não ser a de com esforço próprio cada um galgar os degraus que o levará aos postos mais altos.

A bondade é extremamente perigosa, subversiva, comunista. Ela ameaça os poderosos, os governantes, pois esses devem ser duros em suas ações a fim de que a ordem e a lei prevaleçam. Por que deve sempre prevalecer o slogan de o país está acima de tudo e Deus acima de todos. Claro, sob a regência da meritocracia.

Catequistas, professores da escola dominical, líderes religiosos de todos os credos, não ensinem a bondade às crianças. Pais, não permitam que seus filhos se contaminem com essa força que é a prática do bem. Ela tem o poder de transformar os pequenos, de fazê-los enxergar o mundo com olhos de ternura, de amor. Vocês sabem o quanto o amor enfraquece e cega. A bondade, minha gente, é capaz de quebrar barreiras impensáveis a qualquer ser humano. A bondade vence guerras, ameaça a paz, fecha a indústria bélica. Já pensaram no desemprego aos milhares? Não, definitivamente o ser bom deve ser banido, tornará o homem excessivamente capaz de compreender o outro. Sim, a bondade devia ser proibida.                                   

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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