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OPINIÃO – Mostra de Cinema celebra produção audiovisual na Baixada Fluminense

Com um novo tom, EncontrArte se reinventa como instituição criativa no território
Foto: Emanuel Sant
Foto: Emanuel Sant

Na noite dessa quarta-feira (12), o trânsito iguaçuano parecia colaborar. Até o tradicional e diário engarrafamento na Dutra resolveu dar uma trégua na sua missão diária de lembrar ao proletariado como é duro servir a capital do Rio.

É com dores como essas que o morador da Baixada Fluminense convive e até esquece que existe cinema. Isso é coisa pra quem tem tempo, a maioria pensa – e tem razão, de uma certa forma, quando a gente concebe que um bom filme envolve duas horas de exibição, procurar vaga no estacionamento, comprar pipoca, ler pelo menos a sinopse ou ver o trailer…

Belford Roxo nem sala de cinema tem. Mesquita também sofre desse problema. Nilópolis até tem, mas alguns filmes demoram pra chegar na cidade. São João de Meriti, Duque de Caxias e Nova Iguaçu concentram as salas melhor equipadas. Em Nova Iguaçu tem até uma daquelas que a poltrona parece um sofá. Cinema gourmet – já fui e é muito bom, por sinal.

Apesar de o mercado não acreditar no público da Baixada Fluminense, esse território produz cinema. São incontáveis realizadores audiovisuais que produzem filmes internacionalmente reconhecidos – há os que rodam o mundo inteiro disputando prêmios, sendo indicados e vencendo competições internacionais.

De olho nessa indústria criativa, a turma do EncontrArte lançou uma Mostra de Cinema para celebrar tanta criatividade. Foram 20 anos com um festival de teatro de sucesso cujo fim não é oficial, mas também que segue confirmado de não acontecer mais. Faltam recursos, o vulgo “dinheiro” mesmo. Mas com a Mostra de Cinema a coisa é diferente.

Ironicamente a primeira edição da mostra de cinema acontece em um… Teatro. A abertura não poderia ser mais simbólica ao ocupar o Teatro Nova Iguaçu. Uma noite repleta de autoridades, artistas, produtores e muitos estudantes de cinema – é que a turma de 2022 foi lá receber seu diploma sob muitos aplausos.

A Baixada Fluminense merece celebrar a si mesmo na telona. Ter o mesmo direito que os nova iorquinos têm de ver sua própria cidade servindo de cenário para histórias. O território merece porque pertence a um povo sem acesso a coisas que até existem perto de casa, mas não lhe cabe porque a estrutura não deixa.

Até o dia 27 de abril acontece a 1ª Mostra de Cinema EncontrArte Audiovisual, cujo encerramento invade o Estação Botafogo “na Meca do cinema carioca”, como o produtor Fabio Mateus gosta de paralelizar.

Esse montão de jovens criativos na Baixada Fluminense que ousam viver de cultura são uma quebra de paradigma. São o anúncio de novos tempos.

O trailer de um filme que poderá ser assistido pelas próximas gerações.

Serviço

1ª Mostra de Cinema EncontrArte Audiovisual
12 a 27 de abril
Nova Iguaçu, Mesquita, Queimados e Rio de Janeiro

Horários e programação completa em https://www.instagram.com/encontrarteaudiovisual/

Wesley Brasil
Baixada Fluminense até o osso: Wesley Brasil é um tradutor das ruas da metrópole carioca que mobiiza pessoas a favor do seu território.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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