No pé do Morro da Formiga, na Zona Norte do Rio, um trabalho poderoso, transforma vidas há mais de duas décadas. A ONG Novo Horizonte, criada oficialmente em 2011, é fruto do esforço e da visão comunitária de Sergio dos Santos, mais conhecido como Serginho Neguinho. “Mesmo não morando mais aqui, nunca consegui sair da comunidade. Aqui está a minha história e as pessoas que precisam de mim”, afirma o gerente de operações do projeto, que atua desde os anos 2000 na inclusão social de crianças, jovens e adultos da região.
A ONG oferece atualmente balé, judô, reforço escolar e se prepara para abrir um curso gratuito de informática voltado para pessoas entre 15 até 100 anos. Foi o que afirmou Serginho. “Tem muita gente acima dos 50 que está se inscrevendo. Uma senhora me disse que perdeu o emprego por não saber mexer no computador. Isso é realidade. Por isso que a gente está abrindo esse curso”. Além disso, a instituição já formou turmas no curso de cuidador de idosos, com dezenas de participantes hoje inseridos no mercado de trabalho.
“Tudo aqui é feito pela fé”
Sem patrocínios fixos ou apoio governamental, o projeto se sustenta com parcerias, doações e muito esforço. “Tudo aqui é feito pela fé. Nós temos amigos que pagam a professora de balé, o instrutor de judô, a Firjan ajuda com material de limpeza. É tudo no sacrifício, mas é prazeroso poder ajudar”, revela Serginho. A ONG atende moradores da Formiga e também de comunidades vizinhas, como Borel, Andaraí, Salgueiro, Catumbi e Casa Branca. O foco está nos jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes chegam ao projeto buscando uma segunda chance. “Um garoto chegou aqui dizendo que queria sair do crime. Ele tinha 17 anos e me pediu ajuda para tirar os documentos. Ele disse ‘Neguinho, não quero mais essa vida’. Isso é a prova do impacto que um projeto como esse pode ter”, relata Serginho, emocionado.


Para o gerente de operações, o trabalho é um ato de resistência: “Se a gente não fizer, ninguém vai fazer. Cada morro precisava ter um Novo Horizonte”. Mesmo sem apoio direto do poder público, Serginho defende que o governo deveria, ao menos, identificar e fortalecer instituições sérias dentro dos territórios. “Não é dar dinheiro, é criar clubes para a juventude, bancos de empregos, trazer cursos. Usar os espaços já existentes e oferecer oportunidades reais para as comunidades.” Além das atividades regulares, a ONG realiza eventos comunitários com envolvimento direto das famílias, como encontros festivos onde cada morador leva um prato típico. Serginho, formado em Direito graças a uma bolsa conquistada anos atrás, afirma: “Um dia fui fruto de um projeto social. Agora, quero ser um instrumento de bênção na vida das nossas crianças.”
Para se inscrever nos cursos ou apoiar a ONG, o contato pode ser feito pelo Instagram da Novo Horizonte ou diretamente com Serginho pelo WhatsApp. A ONG está localizada na R. da Cascata, 83 – no bairro Tijuca “O mais importante é olhar no olho, saber quem está chegando. Aqui, a gente acolhe com afeto e compromisso”, finaliza.