ONG Novo Horizonte transforma vidas no Morro da Formiga com educação, cultura e inclusão social

Instituição atua há mais de 20 anos na Zona Norte do Rio oferecendo atividades gratuitas para crianças, jovens e adultos
Foto: Rafael Costa / Voz das Comunidades

No pé do Morro da Formiga, na Zona Norte do Rio, um trabalho poderoso, transforma vidas há mais de duas décadas. A ONG Novo Horizonte, criada oficialmente em 2011, é fruto do esforço e da visão comunitária de Sergio dos Santos, mais conhecido como Serginho Neguinho. “Mesmo não morando mais aqui, nunca consegui sair da comunidade. Aqui está a minha história e as pessoas que precisam de mim”, afirma o gerente de operações do projeto, que atua desde os anos 2000 na inclusão social de crianças, jovens e adultos da região.

A ONG oferece atualmente balé, judô, reforço escolar e se prepara para abrir um curso gratuito de informática voltado para pessoas entre 15 até 100 anos. Foi o que afirmou Serginho. “Tem muita gente acima dos 50 que está se inscrevendo. Uma senhora me disse que perdeu o emprego por não saber mexer no computador. Isso é realidade. Por isso que a gente está abrindo esse curso”. Além disso, a instituição já formou turmas no curso de cuidador de idosos, com dezenas de participantes hoje inseridos no mercado de trabalho.

“Tudo aqui é feito pela fé”

Sem patrocínios fixos ou apoio governamental, o projeto se sustenta com parcerias, doações e muito esforço. “Tudo aqui é feito pela fé. Nós temos amigos que pagam a professora de balé, o instrutor de judô, a Firjan ajuda com material de limpeza. É tudo no sacrifício, mas é prazeroso poder ajudar”, revela Serginho. A ONG atende moradores da Formiga e também de comunidades vizinhas, como Borel, Andaraí, Salgueiro, Catumbi e Casa Branca. O foco está nos jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes chegam ao projeto buscando uma segunda chance. “Um garoto chegou aqui dizendo que queria sair do crime. Ele tinha 17 anos e me pediu ajuda para tirar os documentos. Ele disse ‘Neguinho, não quero mais essa vida’. Isso é a prova do impacto que um projeto como esse pode ter”, relata Serginho, emocionado.

Para o gerente de operações, o trabalho é um ato de resistência: “Se a gente não fizer, ninguém vai fazer. Cada morro precisava ter um Novo Horizonte”. Mesmo sem apoio direto do poder público, Serginho defende que o governo deveria, ao menos, identificar e fortalecer instituições sérias dentro dos territórios. “Não é dar dinheiro, é criar clubes para a juventude, bancos de empregos, trazer cursos. Usar os espaços já existentes e oferecer oportunidades reais para as comunidades.” Além das atividades regulares, a ONG realiza eventos comunitários com envolvimento direto das famílias, como encontros festivos onde cada morador leva um prato típico. Serginho, formado em Direito graças a uma bolsa conquistada anos atrás, afirma: “Um dia fui fruto de um projeto social. Agora, quero ser um instrumento de bênção na vida das nossas crianças.”

Para se inscrever nos cursos ou apoiar a ONG, o contato pode ser feito pelo Instagram da Novo Horizonte ou diretamente com Serginho pelo WhatsApp. A ONG está localizada na R. da Cascata, 83 – no bairro Tijuca “O mais importante é olhar no olho, saber quem está chegando. Aqui, a gente acolhe com afeto e compromisso”, finaliza.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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