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Moradores do Alemão sofrem com a falta d’água há 1 mês

Há mais de 30 dias, os moradores da localidade da Central, no Complexo do Alemão não tem uma gota d'água na torneira.
Créditos: Luciano Daniel

O ano de 2020 está chegando ao fim e o sofrimento dos moradores do Alemão, está longe de acabar. Há mais de 30 dias, os moradores da localidade da Central, no Complexo do Alemão não tem uma gota d’água na torneira.

Os moradores estão fazendo fila em uma nascente para conseguir um balde de água, como é o caso da Dona Catia, que passou a manhã desta quarta-feira tentando levar água para casa ” Isso é um absurdo, passamos o Natal sem água, pegando água da chuva para levar para casa, no meio de uma pandemia, sem poder tomar banho, lavar a mão. Como é que a gente fica? Como cuidar da higiene? Tá cheio de gente idosa aqui na Central que não tem como carregar” diz a moradora.

Dona Cátia não aguenta mais essa situação, está há mais de um mês sem água. Créditos/ Luciano Daniel

Em novembro o Voz das comunidade noticiou sobre a queima de uma das bombas da elevatória, localizada em Senador Vasconcelos, na Zona Norte, provocando a redução da vazão de água para 75%, atingindo mais de um milhão de pessoas em todo o estado, mas antes disso os moradores já sofriam com a falta da água. E só agora dia 21 de dezembro a elevatória do Lameirão foi consertada, voltando a operar com 100% da capacidade e mesmo assim muitos moradores continuam sem água.

O Voz das Comunidades está acompanhando ao longo dos meses toda essa questão da falta d’água na favela, falando em primeira mão que os moradores iam passar o Natal sem água, acompanhando os protestos, indo nas casas das pessoas, mostrando toda essa situação e mesmo assim o sofrimento continuou. São inúmeras mensagens dos moradores pedindo socorro, por não conseguir viver nessa situação.

O comunicador social Luciano Daniel, morador da Central, está disponibilizando a água da sua casa para ajudar os moradores que estão nessa situação ” Eu disponibilizei uma nascente que tenho para os moradores. É um ajudando o outro, os moradores vão colocando o balde na fila, vai enchendo um, tirando e colocando o próximo, é uma situação muito triste, estou tentando fazer um rateio para comprar um carro pipa para os moradores, não dá para viver nessa situação.”

” O povo que mora aqui na central não tem água, passamos o natal sem água” diz Dona Edinete. Créditos/ Luciano Daniel

Já a Dona Edinete, não sabe mais o que fazer : “O povo que mora aqui na central não tem água, passamos o natal sem água. Ninguém faz nada, se não fosse essa nascente não sei o que seria de mim. A gente tá comprando água, tirando de onde não tem. Somos humildes não é todo dia que tem dinheiro para água não” finaliza a moradora.

Em contato com a CEDAE a empresa alegou que: “O abastecimento da localidade estava reduzido na parte alta da Avenida Central, devido a necessidade de reparo em uma elevatória, que foi identificada ontem (29/12). O equipamento entrou em operação novamente hoje (30/12) e o abastecimento está sendo normalizado. De toda forma, técnicos da Companhia estão acompanhando a recuperação do abastecimento, e equipe irá ao local nesta quinta-feira (31/12) para realizar nova vistoria. ” 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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