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Moradores da Zona Oeste enfrentam um drama diário com o transporte público

Superlotação, longas esperas e condições precárias dos veículos marcam a jornada de quem precisa se deslocar da zona oeste para o centro do Rio de Janeiro
Rosemery de Andrade, 64 anos, usando blusa azul com estampa de leão, na fila do ônibus após aguardar por mais de 1h30 no ponto. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Rosemery de Andrade, 64 anos, gerente de cantina, enfrenta uma dura realidade todos os dias. O dia começa cedo. A moradora da Vila Kenedy embarca no ônibus 04h30 da manhã para ir trabalhar. Ela utiliza a linha 394 (Vila Kennedy X Candelária) para ir até o centro do Rio de Janeiro, mas segundo Mery, a superlotação é constante nesse horário: “muito cheio na ida”, diz.

Nem sempre foi essa a realidade da linha, “antigamente tinha mais de seis filas lá na Vila Kennedy de manhã, porque era de 10 em 10 minutos, agora acabou isso”, relembra Rosemery. Segundo a moradora, é certo de ter ônibus as 4h30 e 5h, após esses horários a linha some e atua sem regularidade.

O retorno para casa nunca é certo. Acompanhamos a volta do trabalho de Rosemery e Elaine Maria, 46 anos, encarregada de limpeza, também moradora da Vila Kennedy. A espera pelo transporte durou quase 1h30, ambas as mulheres estavam na mesma situação, no aguardo do 394 desde as 16h30, mas, o ônibus só apareceu às 17h58.

O tempo perdido esperando o ônibus torna a rotina ainda mais cansativa. “Essa espera cansa mais que o dia de trabalho”, desabafa Elaine. Diariamente, ela gasta mais de cinco horas no transporte público. Quando finalmente chegou à Vila Kennedy, já eram 19h22 — uma jornada de três horas depois de um dia de trabalho.

A falta de manutenção e a superlotação afetam diversas linhas da Zona Oeste. Tiffany Morais, de 26 anos, estudante e técnica de enfermagem, semanalmente realiza o trajeto Santa Cruz X Urca e Santa Cruz X freguesia. A estudante utiliza as linhas 388, 107 para chegar na Urca e o 766 e 600 para freguesia.

“Sinto que já chego cansada, muitas vezes faço a viagem em pé, no calor, é sempre estressante. E fico cerca de 6 horas por dia no transporte, se tivesse um conforto tenho certeza que seria mais tranquilo”.

Tiffany Moraes, moradora de Santa Cruz.

Segundo a estudante, a linha 388, que faz o trajeto Candelária X Santa Cruz, também apresenta irregularidades no ar-condicionado, que na maior parte das vezes não dá vazão ao calor e, para piorar, as janelas não abrem, deixando os passageiros com poucas opções para se aliviar do desconforto. Já o 766 mantém o ar-condicionado regular, mas “todos são lotados pela manhã”, relata, Tiffany.

E o problema não para por aí. Alexander Ramos, de 54 anos, técnico de eletrônica, se desloca entre o Centro e Campo Grande, conta que parou de pegar ônibus por causa da insegurança. “Fui assaltado três vezes entre 2015 e 2018”, relata. Para ele, o principal problema dos transportes públicos para a zona oeste é o perigo.

Em resposta a essas reclamações, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirmou que está programando fiscalizações para verificar as irregularidades nas linhas citadas. Segundo a SMTR, são realizadas fiscalizações diárias, e os veículos flagrados com problemas, como ar-condicionado desligado ou com defeito, má conservação ou falta de acessibilidade, estão sujeitos a multas, desconto de subsídio e até lacramento. Só em 2025, a Secretaria aplicou 961 multas e lacrou 220 veículos. Além disso, em 2024, foram descontados mais de R$ 73 milhões dos consórcios por má prestação de serviços, como ar-condicionado inoperante e falta de acessibilidade.

A SMTR informa que também monitora as linhas por meio de GPS e, caso as metas de quilometragem não sejam cumpridas, os consórcios têm o subsídio reduzido. Em dezembro de 2024, a prefeitura iniciou a instalação de sensores de ar nos ônibus para garantir que o ar-condicionado funcione corretamente. Até o momento, 600 sensores já foram instalados, com a previsão de instalação dos demais.

No entanto, para Elaine, Rosemery e tantos outros passageiros da Zona Oeste, as melhorias ainda não chegaram a tempo de aliviar o impacto do transporte público no seu cotidiano.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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