O Ministério da Igualdade Racial (MIR) enviou um ofício ao Governo do Estado do Rio de Janeiro cobrando explicações sobre a operação do BOPE que resultou na morte de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, durante uma tradicional festa junina no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio. O documento, assinado pela ministra Anielle Franco, foi endereçado ao governador Cláudio Castro, ao secretário estadual de Segurança Pública, Victor César Carvalho, e ao procurador-geral de Justiça do Estado, Antonio José Campos Moreira.
No ofício, o MIR questiona a motivação da operação em uma área densamente povoada e durante um evento público anunciado com antecedência. A ministra solicita esclarecimentos sobre:
- a comunicação da ação ao Ministério Público,
- a observância dos protocolos operacionais da Polícia Militar
- e quais medidas serão adotadas para reparar as vítimas da operação.
Leia também:
- “Favelado não é bandido. Meu filho não era bandido”, comunidade do Morro Santo Amaro se une em ato por Herus Guimarães
- Comandantes do BOPE e da COE são exonerados após ação policial no Santo Amaro que deixou jovem morto e pessoas feridas
A ministra Anielle Franco chama atenção para o aumento nas mortes por ações policiais no estado — que subiram 34% só nos primeiros quatro meses de 2025, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). No ofício, ela reforça que o MIR está à disposição para construir políticas públicas que protejam a vida da população negra e periférica, e cobra do Estado ações estruturais para evitar que episódios como o do Santo Amaro voltem a acontecer. Além de Herus, outras quatro pessoas foram feridas na ação, incluindo um adolescente de 16 anos.
Clique aqui para acessar o ofício.
No próprio dia 7 de junho, quando Herus foi morto, a Ministra da Igualdade Racial se manifestou nas redes sociais.
Revoltante e desesperador o que aconteceu com famílias que aproveitavam uma festa junina no Rio de Janeiro em seu momento de lazer. Recebi imagens da operação policial realizada essa madrugada na favela do Santo Amaro. Crianças, jovens e idosos que estavam em uma festa junina no local foram surpreendidos com rajadas de tiros. Um jovem morreu e várias pessoas ficaram feridas por uma política de segurança pública que não respeita a vida daqueles que moram e residem em favelas e periferias.
Minha solidariedade às famílias que hoje choram. Oficiaremos as autoridades do Estado e órgãos de controle para que as razões e os efeitos dessa operação sejam apresentados.
A juventude negra precisa viver! A favela merece respeito.