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Igor Carvalho, um tiro pelas costas e mais uma vítima de racismo

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Vimos a público externar nossa profunda indignação e tristeza com a violência sofrida por Igor Melo de Carvalho e Thiago Marques. Vítimas de tentativa de homicídio por parte de um policial militar da reserva, Igor foi atingido pelas costas, no momento em que retornava de mais um dia de trabalho, no bairro da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, assim como Thiago Marques, que estava em atividade como motouber.

Nos revolta pensar que esse texto poderia ter sido motivado para reconhecer as potencialidades e compromisso de Igor Carvalho, já que ele integrou o quadro de tecedores da Redes da Maré. Nós sabemos o quanto ele se esforça, dia a dia, para seguir seus sonhos e sustentar sua família, atuando em vários trabalhos, seja como comentarista de futebol, inspetor de alunos, garçom e, ainda, como estudante. Acompanhamos o Igor e sua dedicação como assistente de comunicação da Areninha Cultural Herbert Vianna, na Maré, potencializando o que aprendia na faculdade. Seu carinho e dedicação, diariamente, e a relação com as crianças foram marcas da sua atuação como tecedor da Redes da Maré. Igor é reconhecido por quem o acompanha como uma pessoa afetuosa, trabalhadora e séria com seus compromissos.

A violência cometida contra Igor e Thiago demonstra a gravidade do problema que a população negra está exposta. São violações recorrentes de direitos, muitas vezes por motivo torpe, desmoralização de sua índole, como também acusações indevidas, injustas e sem provas. Fato é que, por racismo, duas pessoas se acharam no direito de fazer justiça com as próprias mãos. Sem qualquer evidência e verificação. Apenas pela simples suposição.

Infelizmente, isso não nos causa espanto por conhecermos as práticas estruturais violentas do Estado, considerando que há como evidência que o autor da violação é um agente da reserva da segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Porém, essa é uma conduta que não pode ser normalizada.

Esse fato não pode ficar impune e a família de Igor tem mobilizado as redes para publicizar tamanha tragédia que acometeu uma família que se tornou mais uma vítima da violência. Desde segunda-feira, familiares, amigos e defensores dos direitos humanos trazem diversos predicativos de Igor, evidenciando que o direito à presunção da inocência não existe para a população negra, o tiro é a única via.

Mais grave ainda é constatar que após sofrer diversos danos irreversíveis à sua saúde, Igor ainda esteve custodiado no hospital Getúlio Vargas, até o início da tarde de terça-feira, onde, nessas condições, sua família e amigos tiveram que superar vários obstáculos para reverter a situação e, por grande parte do tempo, foram impedidos de visitá-lo e de acessar informações concretas.

O impacto em toda sociedade, sobretudo negra e trabalhadora, diante da notícia, causa revolta e danos irreparáveis à saúde mental, dentre outros. Quantos moradores de territórios de favela e periferias, sobretudo homens negros, não se imaginaram no lugar de Igor ou já passaram por algum tipo de situação de violação de direitos? Dessa vez, além de uma acusação grave, houve a tentativa concreta de ceifar uma vida que, para muitos, é descartável.

Declaramos total apoio à família, seus amigos e profissionais que apoiaram e estão trabalhando por justiça para Igor e Thiago. Não é possível normalizar, num Estado Democrático de Direito, tamanho descaso com a vida e a certeza da impunidade.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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